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Como cheirava a Europa no século XVI? Cientistas recriam os aromas antigos com inteligência artificial

14/10/2025 07:02 O Globo - Rio/Política RJ

Imagine caminhar pelas ruas de Londres do século XVII. O ar é denso, carregado de aromas que variam entre o exótico e o medicinal. O cheiro de tabaco recém-importado mistura-se com o incenso das igrejas e o aroma pungente de remédios contra a peste. Esses odores, hoje distantes, estão sendo trazidos de volta à vida pelo projeto europeu Odeuropa.
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Liderado por uma equipe de historiadores, cientistas e especialistas em inteligência artificial, o projeto visa identificar e recriar os cheiros que marcaram a Europa entre os séculos XVI e XX. Para isso, a IA analisa mais de 250.000 documentos em sete idiomas, criando uma enciclopédia digital de odores europeus.
Descobrindo os odores do passado
Uma das ferramentas centrais é o Odeuropa Smell Explorer, uma plataforma online desenvolvida para explorar o olfato como fenômeno cultural. Pesquisável e interativa, a ferramenta permite descobrir os cheiros do passado e entender como eles moldaram a história e a cultura europeias.
O Smell Explorer é o resultado de três anos de pesquisa e desenvolvimento por uma equipe internacional de cientistas da computação, especialistas em IA e acadêmicos de humanidades. Seu público inclui acadêmicos, perfumistas, profissionais de patrimônio, artistas e qualquer pessoa interessada em aromas, linguagem e imagens olfativas.
Cada aroma revela uma história. Segundo o The Guardian, o tabaco, introduzido no século XVI, era inicialmente um luxo exótico, mas logo se tornou comum, sendo criticado em ambientes fechados como teatros. Outros odores, como ervas usadas em remédios, mostram práticas de saúde e crenças culturais da época.
A tecnologia por trás da pesquisa permite que os algoritmos reconheçam descrições olfativas e objetos aromáticos em textos e imagens históricas, criando uma base de dados rica e diversificada. William Tullett, da Universidade Anglia Ruskin em Cambridge, membro da equipe da Odeuropa e autor de Smell in Eighteenth-Century England, ressalta que “os cheiros antigos nos dizem muito sobre como os objetos se degradam e como podem ser preservados”.
Além da pesquisa acadêmica, o projeto tem aplicação prática para além da plataforma online. Museus como o Jorvik Viking Centre, em York, já utilizam cheiros recriados para enriquecer a experiência do visitante. A equipe do Odeuropa planeja colaborar com perfumistas e químicos para trazer aromas históricos às exposições, proporcionando uma imersão sensorial única.

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