
Autoridades venezuelanas teriam oferecido participação no petróleo para encerrar tensões com os EUA
Na esperança de encerrar o conflito de seu país com os Estados Unidos, autoridades venezuelanas ofereceram ao governo Trump uma participação dominante no petróleo e outras riquezas minerais, em discussões que duraram meses, de acordo com várias pessoas próximas às negociações.
Cessar-fogo: Após 738 dias em cativeiro, reféns israelenses são libertados pelo Hamas em troca de quase 2 mil presos palestinos
Guga Chacra: Alegria no presente, tristeza no passado e ceticismo no futuro
A oferta de longo alcance permaneceu na mesa enquanto o governo Trump chamava o governo do presidente Nicolás Maduro, da Venezuela, de "cartel narcoterrorista", reunia navios de guerra no Caribe e começava a explodir barcos que, segundo autoridades americanas, transportavam drogas da Venezuela.
Em um acordo discutido entre um alto funcionário dos EUA e os principais assessores de Maduro, o ditador venezuelano ofereceu abrir todos os projetos de petróleo e ouro existentes e futuros para empresas americanas, dar contratos preferenciais a empresas americanas, reverter o fluxo de exportações de petróleo venezuelano da China para os Estados Unidos e cortar os contratos de energia e mineração de seu país com empresas chinesas, iranianas e russas.
O governo Trump rejeitou as concessões de Maduro e cortou a diplomacia com a Venezuela, efetivamente acabando com o acordo, pelo menos por enquanto, disseram pessoas próximas à discussão.
Embora os Estados Unidos tenham como alvo o que chamam de barcos de drogas, o corte da diplomacia, o acúmulo militar perto da Venezuela e as ameaças cada vez mais estridentes contra Maduro por parte de autoridades do governo Trump levaram muitos em ambos os países a pensar que o verdadeiro objetivo do governo Trump é a remoção de Maduro.
Marco Rubio, secretário de Estado e conselheiro de segurança nacional dos EUA, tem sido a voz principal na iniciativa do governo para depor Maduro. Ele o chamou de líder ilegítimo, um "fugitivo da Justiça americana", e se mostrou cético em relação à abordagem diplomática conduzida por um enviado especial dos EUA, Richard Grenell.
Pessoas próximas à sede da PDVSA, em Caracas
Adriana Loureiro Fernandez/The New York Times
Os defensores da diplomacia reconhecem que a abordagem linha-dura de Rubio prevaleceu por enquanto. Mas acreditam que seus esforços podem eventualmente dar frutos, apontando para as mudanças repentinas do presidente Donald Trump em outras questões importantes de política externa, como a guerra na Ucrânia, o comércio com a China ou o programa nuclear do Irã.
Para esta reportagem, foram feitas entrevistas com mais de uma dúzia de representantes americanos e venezuelanos de diferentes lados que clamam por diplomacia com Maduro. Eles o fizeram sob condição de anonimato, pois não estavam autorizados a falar publicamente.
Publicamente, o governo venezuelano respondeu à escalada militar de Trump com desafio e promete defender o que chama de revolução socialista iniciada na década de 1990 pelo falecido antecessor e mentor de Maduro, Hugo Chávez. Ao mesmo tempo, Maduro afirmou que permanece aberto a negociações e que seu governo continua aceitando voos de deportação dos Estados Unidos.
Nos bastidores, no entanto, altos funcionários da Venezuela, com a bênção de Maduro, ofereceram a Washington concessões de longo alcance que essencialmente eliminariam os vestígios de nacionalismo de recursos no cerne do movimento de Chávez.
Embora Grenell e as autoridades venezuelanas tenham progredido em questões econômicas, não chegaram a um acordo sobre o futuro político de Maduro, segundo pessoas próximas às negociações. O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, disse em uma entrevista no mês passado que Maduro não negociaria sua saída.
Maduro reprimiu repetidamente os desafios democráticos ao seu governo depois de assumir a presidência em 2013. Ele se manteve no poder no ano passado depois de perder uma eleição presidencial, fraudando os resultados e reprimindo brutalmente os protestos.
Grenell não quis comentar para esta matéria. O Departamento de Estado, a Casa Branca e o governo da Venezuela não responderam aos pedidos de comentário.
US$ 1,7 trilhão em 15 anos
Em Washington, autoridades americanas apresentam avaliações divergentes das negociações. Uma autoridade americana afirmou que os relatos sobre as negociações para o levantamento das sanções e o acesso ao mercado venezuelano "não eram uma avaliação precisa do que ocorreu".
Mas outras autoridades americanas disseram que representates do país e da Venezuela mantiveram repetidas conversas sobre como seria a normalização econômica, incluindo o acesso aos mercados de energia venezuelanos por empresas americanas e o levantamento das sanções de Trump.
Milícias venezuelanas em protesto pró-Maduro, em 23 de setembro. Apesar do discurso de força, governo tenta manter negociações abertas com os EUA
Adriana Loureiro Fernandez/The New York Times
Enquanto os enviados de Grenell e Maduro negociavam um acordo, a líder do princi
Fonte original: abrir