
Brasil é o 5º maior produtor de resíduos eletrônicos do mundo, mas recicla corretamente apenas 3,3%
O Brasil é um consumidor voraz de tecnologia. Uma pesquisa realizada pela Fundação Getulio Vargas (FGV) mostrou que o país tem em uso 502 milhões de dispositivos digitais, um cálculo médio de 2,4 aparelhos por habitante. Entretanto, quando se tornam obsoletos, esses produtos não estão encontrando o destino correto.
O país gera mais de 2,4 milhões de toneladas de e-lixo, ocupando a 5ª posição no ranking mundial da Organização das Nações Unidas (ONU) dos produtores desse tipo de resíduo, que inclui aparelhos eletrônicos, eletrodomésticos e acessórios como cabos, carregadores, pilhas e baterias. E somente 3,3% dos resíduos são coletados e reciclados como deveriam.
Esse tipo de equipamento oferece riscos à saúde e à natureza, já que não se decompõe naturalmente. Além disso, os metais pesados contidos nos dispositivos podem contaminar o solo e chegar aos lençóis freáticos, provocando intoxicações e doenças. Para mitigar danos e proteger o meio ambiente, a circularidade é o caminho.
— Além de evitar a degradação ambiental e a contaminação do solo, a reciclagem e o reaproveitamento de equipamentos eletrônicos também diminuem a necessidade de extração de matéria-prima para a fabricação novos produtos — ressalta Joanes Ferreira Ribas, diretora de Sustentabilidade da Vivo, empresa que lidera um importante movimento pela circularidade de eletrônicos junto aos consumidores.
A circularidade de materiais é parte importante das medidas de mitigação às mudanças climáticas. Segundo relatório da ONU, a gestão adequada do e-lixo evitou as emissões de aproximadamente 93 milhões de toneladas em 2022.
O poder da circularidade
Pioneira do setor na mobilização para o descarte correto de eletrônicos, a Vivo criou o programa Vivo Recicle em 2006, muito antes do estabelecimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos (publicada em 2010). O programa de logística reversa tem uma grande capilaridade: são 1,8 mil pontos de coleta em lojas de todas as regiões do país, além de ações com escolas e ativações em eventos patrocinados, para ampliar a coleta dos materiais. Não é preciso ser cliente da empresa para fazer o descarte.
— Já recolhemos cerca de 5,3 milhões de itens e 187 toneladas. Em 2024, triplicamos o volume anual recebido. Foram 37 toneladas de resíduos eletrônicos coletados junto aos consumidores, um crescimento de 208% frente ao ano anterior — lista Ribas. A meta é chegar a 375 toneladas acumuladas até 2035.
O resíduo eletrônico é recolhido e reciclado por uma empresa especializada e retorna para a indústria sob a forma de matéria-prima. Por exemplo: a sucata ferrosa segue para a indústria siderúrgica, o zinco vai para a pneumática e a cerâmica, o grafite e o cobalto são destinados à fabricação de novas baterias, e o cobre pode ser reaproveitado na produção de novos fios e cabos.
Outra iniciativa da marca dentro da logística reversa é a recuperação de modens e decodificadores, equipamentos instalados em comodato na casa dos clientes. No ano passado, cerca de 1,1 milhão de aparelhos foram recondicionados e voltaram para o mercado, evitando a emissão de mais de 38,5 mil toneladas de CO2. A Vivo ainda oferece a possibilidade de agendamento para retirada de equipamentos próprios por meio do site da empresa.
Atualmente, a Vivo também recicla 97% dos resíduos da operação, itens que resultam da troca de tecnologia e da modernização da rede. — Nosso objetivo é atingir zero resíduos destinados para aterro sanitário até 2030. Um compromisso que assumimos junto ao movimento Conexão Circular, do Pacto Global da ONU no Brasil — comenta a executiva.
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