
PT do Rio prepara filiação de Neguinho da Beija-Flor, que diretório quer lançar ao Senado
Dividido sobre o que fazer na eleição para o Senado no Rio, o PT prepara um evento de filiação de Neguinho da Beija-Flor, que virou o nome preferido para o Senado da ala que comanda o partido no estado. Outros grupos petistas endossam a candidatura da deputada federal Benedita da Silva, decana que quer disputar eleições pela última vez no ano que vem. A ex-senadora já começou a percorrer cidades a fim de viabilizar a campanha e conta com o apoio de nomes “pop” da sigla, mas que têm menos poder no diretório.
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A ideia de lançar Neguinho foi ventilada nas últimas semanas pelo prefeito de Maricá e vice-presidente nacional do PT, Washington Quaquá, cujo filho, Diego Zeidan, comanda hoje o diretório fluminense. Segundo Zeidan, o partido e o sambista, que se aposentou da Sapucaí no último Carnaval, estudam uma data e os moldes para o ato de filiação. Como noticiou o colunista Ancelmo Góis, o intérprete que passou 50 anos à frente do carro de som da escola de samba de Nilópolis está filiado ao PL desde 2013, antes de a sigla virar a casa do bolsonarismo.
Outro plano do PT-RJ é promover um encontro entre Neguinho e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Poderia ser amanhã, já que Lula estará no Rio para um evento de celebração do Dia dos Professores, mas o sambista está em Portugal com Quaquá, que foi ao país buscar investimentos para Maricá. O partido começou a testar o nome do cantor em pesquisas e gostou dos resultados.
— Neguinho é um cara extremamente popular, que fura a bolha da esquerda e dialoga diretamente com o povo. Para derrotar o bolsonarismo no estado precisamos de candidatos amplos. Não podemos cometer o erro cometido em 2022, que restringiu a esquerda a apenas 30% do eleitorado — afirma Diego Zeidan.
Pouco antes de “lançar” o sambista, Quaquá havia postado foto ao lado de Alessandro Molon, do PSB, outro nome da esquerda cotado para o Senado no Rio, e manifestado apoio a ele. Na ala petista do prefeito de Maricá, o discurso agora é de que os dois podem concorrer ao mesmo tempo, já que Neguinho seria uma espécie de “Romário” da esquerda: teria votos fora da bolha, como o ex-jogador mostrou em 2022 ao ser eleito mesmo com outros candidatos ligados ao bolsonarismo recebendo votações expressivas.
“Precisamos de candidatos que dialoguem para fora das universidades, da classe média e da Zona Sul. Neguinho é um quadro extremamente popular e que dialoga diretamente com o povo. Filho da periferia e da cultura popular, ele é reconhecido por todos e tem potencial inclusive para atrair apoio também de outros campos políticos”, sintetiza uma nota divulgada pela corrente majoritária do partido no Rio, a Construindo um Novo Brasil na Favela (CNB Favela), assinada por Zeidan e outros 11 dirigentes locais. No mesmo texto, reforça-se o apoio à candidatura de Eduardo Paes (PSD) ao governo estadual.
Benedita, por sua vez, conta com o aval de quadros como o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, o líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias, e a secretária de Meio Ambiente e Clima da prefeitura de Paes, Tainá de Paula. Nos últimos dias, a veterana do partido começou a circular por municípios do Rio para conversar com dirigentes e militantes. Já esteve em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e Petrópolis, na Região Serrana.
Em agosto, durante evento, Lula deu uma declaração lida por aliados internos de Benedita como aval à candidatura dela:
— Eu não sei o que vai acontecer com a Benedita, não sei o que ela quer ser, mas uma coisa eu vou dizer para vocês: se essa “negona” for senadora, é a mais bonita senadora deste país, a mais forte representação negra deste país.
Entre apoiadores da deputada dentro do partido, há quem leve a sério o gesto de Quaquá com Neguinho, mas outros acreditam que o dirigente quer apenas “atrapalhar” Benedita por meio de balões de ensaio. No fim das contas, quem define o nome lá na frente, caso haja disputa interna, é a executiva estadual, por meio de votação.
Em 2022, quando havia apenas uma vaga em disputa por estado no Senado, a esquerda do Rio se dividiu entre Molon e André Ceciliano (PT). Romário (PL) foi reeleito, Molon ficou em segundo e Ceciliano terminou em quinto. Somados, os votos dos dois candidatos de partidos progressistas superariam os do ex-jogador.
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