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Narco bet: empresário preso atuava como 'banco particular' de Buzeira e outros investigados, diz acusação

14/10/2025 14:57 O Globo - Rio/Política RJ

Relatórios de inteligência financeira apontam o empresário Rodrigo de Paula Morgado como chefe e "possível operador logístico-financeiro de um amplo esquema de movimentação e lavagem de capitais". Ele e o influenciador digital Bruno Alexssander Souza Silva, o Buzeira, foram presos na Operação Narco Bet, deflagrada nesta terça-feira pela Polícia Federal para desarticular um grupo criminoso que, segundo as investigações, utilizava movimentações financeiras em criptomoedas e remessas internacionais para ocultar a origem ilícita dos valores e dissimular o patrimônio.
Informações de polícia judiciária juntadas ao processo destacam registros de conversas travadas entre Morgado e Buzeira. Segundo as apurações, o empresário funcionava como "verdadeiro 'banco particular' de outros investigados" — transacionando altos valores em suas contas pessoais e de empresas sob seu controle, convertendo quantias em criptomoedas e promovendo repasses a terceiros. Tudo, de acordo com as autoridades, à margem do sistema financeiro nacional. O GLOBO tenta contato com a defesa de Rodrigo Morgado.
Um relatório encaminhado de forma espontânea pelo Conselho de Atividades Financeiras (Coaf) à Polícia Federal descreve como Morgado, direta ou indiretamente, estruturou e coordenou transações milionárias destinadas ao setor de apostas on-line. Para mascarar a origem ilícita dos recursos, segundo as apurações, o empresário utilizou "uma rede de empresas de fachada, intermediadores de pagamento e pessoas interpostas".
"Centenas" de pessoas físicas e jurídicas participaram do esquema, ainda de acordo com o relatório financeiro, mas a Evipes Soluções em Pagamento On-Line Ltda, a Ngx Holding de Participações Societárias Ltda, a Infinity Serviços Administrativos Ltda e a Buzeira Digital Ltda foram identificadas como "núcleos de dissimulação de valores" — empresas "sob controle ou influência" de Morgado, destaca o documento.
Para os investigadores, o rastreio das transações demonstra que Rodrigo Morgado "desempenhou papel estruturante" na criação de um "complexo sistema de lavagem de capitais": um esquema "transnacional altamente sofisticado" que se servia do mercado de apostas on-line e empresas intermediadoras.
"O relatório também evidencia que RODRIGO MORGADO atuava como procurador e representante legal de diversas empresas utilizadas no esquema, centralizando o controle operacional e a logística financeira das transações, posição de comando lhe permitia circular valores oriundos de fontes ilícitas, inclusive relacionadas a tráfico internacional de drogas, atividade pela qual já é formalmente investigado", ressalta trecho do relatório financeiro.
Foi Morgado, por exemplo, quem articulou o fluxo financeiro do pagamento de licenças para casas de apostas, como a ANA GAMING BRASIL S.A. (7K.BET) e a MULTIBET, e da compra de imóveis, veículos de luxo e aeronaves. O relatório do Coaf afirma que as transações configuram "nítida fase de integração de ativos ilícitos na economia formal", um dos estágios do processo de lavagem de dinheiro.
'Banco particular'

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