
Evento global de tecnologia anuncia edição no Brasil em 2027
O GITEX Global, um dos maiores eventos de tecnologia do mundo, anunciou nesta terça-feira que realizará sua primeira edição em São Paulo, no Brasil, em março de 2027. O anúncio ocorre após o país estrear, na edição deste ano em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, como o primeiro parceiro oficial da história do evento. É a primeira vez na América Latina. Em 2025, são 6,8 mil expositores e mais de 200 mil participantes
Durante o Expand North Star 2025, vertente do GITEX dedicada a negócios e investimentos, o Brasil levou 50 startups ao Porto de Dubai. O país estreou no evento em 2019 com apenas cinco empresas e, desde então, a delegação vem crescendo: de 2023 para 2024, o número de startups levadas ao evento pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) saltou de 15 para 48.
Todas as startups interessadas em participar do GITEX com apoio da Apex precisam enviar uma apresentação e um vídeo de três minutos em inglês. Alguns segmentos foram privilegiados na seleção de acordo com a estratégia dos Emirados Árabes Unidos, como inteligência artificial, fintechs, health techs e agritechs. Tatiana Riera, diretora de operações da Apex Brasil, destaca que quanto mais alinhada a solução à demanda local, maior a chance de sucesso.
— Aqui você precisa construir relacionamentos, ainda mais quando falamos de startups, que envolvem investimentos de risco. Todo esse processo passa por confiança, que só existe com relacionamento. Por isso não projetamos resultados imediatos. Nossa métrica é quantidades de reuniões geradas ou de interesse gerado pelos investidores. E neste ano a gente teve muito, muito mais interesse que no ano passado.
Além do Brasil, o evento deste ano contou com a participação inédita de outros dois países latino-americanos: Chile e Equador. No caso do Equador, a chegada ao evento aconteceu por conta de um recente estreitamento diplomático. Maria Del Pilar, diretora de projetos do CITEC, organização que representa o setor de software, inovação e tecnologias da informação no Equador, diz que o país abriu recentemente uma embaixada nos Emirados Árabes Unidos. Representantes dos EAU estiveram no país em maio para convidar a delegação para o evento.
— Não sabíamos o quanto nossas empresas estariam interessadas. Não porque não seja interessante, pelo contrário, mas às vezes as empresas veem esses países como muito distantes ou acham que não é uma possibilidade real.
A delegação equatoriana é patrocinada pela Dubai Chamber, organização local sem fins lucrativos dedicada a fortalecer o ecossistema de negócios, e trouxe vinte empresas, escolhidas pelos árabes como mais adequadas ao mercado.
— Acredito que Dubai não é apenas um ótimo lugar para fazer negócios, mas também um hub tecnológico que abre portas na Ásia, na África e também na Europa. Então, estar aqui pode ajudar nossas empresas a entrar em novos mercados.
Sharif Chacoff, comissário de comércio da ProChile — instituição ligada ao Ministério das Relações Exteriores que promove bens e serviços chilenos no mundo — nos Emirados Árabes Unidos, explica que o objetivo é mostrar o país para além da indústria alimentícia.
O Chile levou 12 empresas com soluções em setores diversos, como fintech, agritech e cidades inteligentes. Para cada empresa chilena, foram agendadas cerca de dez reuniões com atores estratégicos do ecossistema de Dubai, incluindo fundos de investimento e outras startups.
— O mais importante é a colaboração mútua. Não se trata apenas de vender, mas de criar laços, conexões. Nesse setor de inovação, o mais importante são as conexões. É mais sobre complementaridade ou coerência porque podem, por exemplo, procurar alguém para vender suas soluções, mas às vezes isso também é uma boa oportunidade para desenvolver uma joint venture juntos e ampliar ainda mais o espaço entre eles.
Junto ao presidente da Fundação ProChile, Pablo Zamora, Chacoff irá se encontrar nos próximos dias com o ministro de Inteligência Artificial dos Emirados Árabes Unidos, Omar Sultan Al Olama, além de quatro fundos de investimento. A Fundação ProChile é um instituto público-privado de tecnologia que fomenta ecossistemas de startups. Atualmente, 280 empresas fazem parte da iniciativa.
A instituição trabalha agora no desenvolvimento do primeiro ecossistema de startups de base científica do país, trazendo também empresas do Peru, da Argentina e do Brasil.
— Chile e EAU têm desafios semelhantes, principalmente em relação às mudanças climáticas. Temos muitas soluções climáticas. Estamos trabalhando intensamente na descarbonização do nosso país e, principalmente, em como produzir hidrogênio verde. Então, esse tipo de empresa e de solução que temos pode ser usado aqui. E vemos Dubai e os Emirados Árabes Unidos mais como parceiros do que como financiadores. Não estamos procurando dinheiro nesta região, e sim parcerias para criar soluções conjuntas – diz Zamora.
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