
Turquia envia dezenas de socorristas especializados para ajudar em busca de corpos dos reféns de Israel em Gaza
A Turquia vai enviar mais de 80 socorristas com experiência em resposta a terremotos para integrar a equipe de buscas por corpos soterrados nas ruínas de Gaza, informou uma autoridade turca nesta quinta-feira. Segundo a mídia local, o país também passa a atuar na remoção de escombros e na construção de abrigos temporários para os 2 milhões de habitantes do enclave. Em meio a pressão interna das famílias dos reféns que ainda não conseguiram enterrar seus entes queridos, além de enfrentar uma ala política avessa ao acordo de paz com o grupo palestino Hamas, Israel aprovou a medida mesmo com uma animosidade de longa data entre os governos do presidente turco, Recep Tayyip Erdoğan, e do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
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Já atuante na mediação do armistício, a Turquia agora fará parte de uma força-tarefa multinacional que também inclui os EUA, Israel, Egito, Catar e o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, com o objetivo de localizar os corpos dos 19 reféns israelenses e estrangeiros restantes.
Uma autoridade israelense confirmou ao jornal Financial Times o envolvimento dos turcos na operação e disse que “os contatos estão ocorrendo e a coordenação está sendo realizada entre Israel, os mediadores e a Cruz Vermelha”. E acrescentou que a empreitada, liderada pelo brigadeiro israelense Gal Hirsh, deve facilitar a entrada em Gaza de especialistas e, se necessário, de equipamento pesado especializado.
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Antes, o Estado judaico acusou o Hamas de descumprir a sua parte do tratado ao não entregar os restos mortais de todos os reféns e ameaçou não seguir os termos, ou até pôr fim na trégua estabelecida, caso isso não acelerasse. O texto do acordo, porém, reconhece que os grupo terrorista e outras facções palestinas não conseguiriam respeitar a entrega no prazo de 72 horas, alcançado na última segunda-feira, quando 20 reféns vivos foram trocados por quase 2.000 palestinos — 250 condenados à prisão perpétua e quase 1.700 presos sem acusação formal desde o início do conflito.
Assessores do governo dos EUA minimizaram o risco de uma retomada da guerra em Gaza neste momento, dizendo não ver descumprimento por parte do grupo palestino pela demora na devolução dos corpos dos reféns ainda no enclave. Por meio da imprensa internacional, as fontes americanas admitiram que o processo de recuperação de corpos pode demorar semanas. Enquanto o Hamas afirmar ter entregue todos os restos mortais que teve acesso.
— Ouvimos muitas pessoas dizendo que o Hamas violou o acordo, porque nem todos os corpos foram devolvidos. Acho que o acordo que tínhamos com eles era que tirássemos todos os reféns vivos, o que eles honraram — disse um assessor americano ouvido pela CNN, sob condição de anonimato. — Neste momento, temos um mecanismo em vigor no qual estamos trabalhando em estreita colaboração com os mediadores e com eles para fazer o nosso melhor para retirar o máximo de corpos possível.
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Hoje, os israelenses se dividem entre a tristeza e o alívio. O primeiro sentimento é compartilhado por milhares que se reúnem nos funerais das vítimas, ou pela falta deste último momento. E o segundo surge pelos reféns libertados, que já receberam alta dos hospitais, e retornam para suas cidades natais festejados por familiares, amigos e suas comunidades.
Terra arrasada dificulta
Grande parte dos obstáculos enfrentados na devolução se deve à quantidade de escombros no território palestino, quase completamente devastado por mais de dois anos de guerra, com o risco de os corpos estarem enterrados sob toneladas de concreto em prédios ou túneis destruídos pelos bombardeios israelenses. Organizações internacionais como a Cruz Vermelha chegaram a avaliar que seria possível que alguns dos corpos nunca fossem de fato encontrados.
Sob condição de anonimato, três autoridades de Israel anteciparam ao New York Times na terça-feira que, no caso de o Hamas não conseguisse entregar os corpos rapidamente, o acordo já considerava a criação da força-tarefa conjunta, para compartilhar informações e ajudar a encontrá-los.
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Em uma nota publicada na quarta-feira, após a entrega de mais dois corpos a Israel — totalizando nove —, as brigadas Ezzedine al-Qassam afirmaram que "todos os prisioneiros israelenses vivos sob sua custódia, bem como os cadáveres aos quais teve acesso" foram devolvidos. O grupo também pontuou que "quanto aos cadáveres restantes, são necessários esforços extensivos e equipamentos especiais para sua recuperação e extração".
As fontes americanas anteciparam que uma equipe internacional, com especialistas em recuperação de restos
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