
Com novos mísseis em mente, Zelensky parte para reunião decisiva na Casa Branca; Trump anuncia encontro com Putin
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, se encontrará nesta sexta-feira com o líder americano, Donald Trump, na Casa Branca, para uma reunião encarada como crucial para os rumos da guerra iniciada em fevereiro de 2022. Aproveitando uma aparente mudança de humor do republicano, ele quer sair de Washington com novas armas, incluindo o míssil de cruzeiro Tomahawk. Na véspera da reunião, o presidente americano confirmou que se encontrará com o líder russo, Vladimir Putin, em Budapeste, após alardear “um grande progresso” em conversa telefônica.
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O aval para o fornecimento dos Tomahawk, um míssil de cruzeiro capaz de atingir alvos a mais de 2 mil km de distância do território ucraniano, colocaria as duas maiores cidades russas — Moscou e São Petersburgo — a seu alcance, e poderia ajudar a mudar os rumos da guerra assim que os armamentos entrassem em operação. No fim de semana, Zelensky conversou duas vezes com Trump, e na terça-feira o republicano soou aberto à ideia, como o fez algumas vezes nas últimas semanas.
— Ele [Zelenskyy] gostaria de ter Tomahawks. Temos muitos Tomahawks — afirmou, ao lado do presidente da Argentina, Javier Milei.
Mas há um grande entrave aos planos de Zelensky (além do risco de uma mudança de opinião de Trump): são poucos os Tomahawk disponíveis, e os sistemas que permitem seu lançamento de terra são ainda mais escassos. Na quinta-feira, ao ser perguntado sobre o tema na Casa Branca, o americano afirmou que “não pode esgotar as próprias reservas” dos EUA desse tipo de armamento.
Os mísseis de cruzeiro são a menina dos olhos de Zelensky, mas sua lista de compras militares é mais extensa — e cara.
Em agosto, após uma reunião com Trump e líderes europeus na Casa Branca, Kiev sinalizou a intenção de adquirir entre US$ 90 bilhões e US$ 100 bilhões em armamentos americanos — um valor atrativo ao complexo militar industrial dos EUA —, financiados pela Europa, em troca de garantias de segurança. Segundo o jornal Financial Times, sobre a mesa foi apresentado um plano de US$ 50 bilhões para a produção de drones por empresas ucranianas em parceria com os EUA. No mês passado, ao falar dos planos, Zelensky os chamou de “um mega acordo”, linguagem familiar ao jargão trumpista.
Navio da Marinha dos EUA lança míssil de cruzeiro Tomahawk
ERIC GARST/MARINHA DOS EUA/AFP
Ao contrário da fatídica reunião de fevereiro, quando Zelensky foi acossado por Trump e seu vice, JD Vance, e de lá saiu sem um acordo relacionado às reservas de recursos minerais de seu país, o ucraniano chegará à Casa Branca com razões para ser otimista.
Em parte por uma estratégia de apaziguamento com o republicano, que envolve os planos para vendas bilionárias de armas americanas a Kiev, em parte pela frustração com a demora em um acordo de paz, Trump soa mais afeito à ideia de apoiar mais a Ucrânia. Ele se diz aberto a sanções mais duras contra Moscou, mas cobra seus aliados para que parem de comprar petróleo russo —a Casa Branca ainda não deu sinal verde para as medidas, que poderiam estrangular a já cambaleante economia russa.
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Pelo lado militar, Trump afirmou, em reunião às margens da Assembleia Geral da ONU, que a Ucrânia poderia retomar todo o território perdido para a Rússia — cerca de 20% da área do país, de acordo com as fronteiras de 1991 — “e ir além”. Ele também deu sinal verde para que os ucranianos realizassem ataques mais profundos em solo russo, e passou a fornecer dados de inteligência que permitissem ações mais precisas contra a infraestrutura energética do país, que enfrenta problemas de abastecimento de combustíveis.
— Os esforços diplomáticos e as negociações de paz foram a questão número 1 no discurso público por muito tempo, e sempre que a Ucrânia tentou mudar essa narrativa, não encontrou compreensão por parte de seus parceiros, especialmente Washington — disse Sergiy Solodkyy, diretor do New Europe Center, um think tank sediado em Kiev, ao New York Times. — Agora parece que falamos a mesma língua.
Reunião com Putin
Na véspera da reunião com o ucraniano, Trump afirmou que deve se reunir com Putin, após uma conversa por telefone na qual disse ter obtido um “grande progresso”.
"O presidente Putin e eu nos encontraremos em um local combinado, Budapeste, Hungria, para ver se podemos dar fim a esta guerra 'inglória' entre a Rússia e a Ucrânia", escreveu Trump no Truth Social.
De acordo com o assessor especial da Presidência russa, Yuri Ushakov, Putin reiterou que suas forças mantêm o “controle total” das linhas de combate, e que a proposta de envio de mísseis de cruzeiro Tomahawk — como sugerido pelos EUA — à Ucrânia não mudaria o cenário da guerra, mas prejudicaria as relações entre Moscou e Washington. Ele completou dizendo que a Rússia está comprometida “com uma solução política e diplomática par
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