
Vieira e Rubio definem rota de trabalho conjunto e preparam reunião entre Lula e Trump
Após uma reunião, nesta quinta-feira, entre o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o secretário de Estado americano, Marco Rubio, além do representante de Comércio dos Estados Unidos, Jamieson Greer, os governos dos dois países divulgaram uma nota conjunta dando o pontapé inicial para uma negociação cujo objetivo é eliminar o tarifaço sobre produtos brasileiros. O comunicado reforça que os chefes das diplomacias dos respectivos países trabalharão para que seja realizado um encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump.
"O secretário Rubio, o embaixador Greer e o ministro Mauro Vieira concordaram em colaborar e conduzir discussões em várias frentes no futuro imediato, além de estabelecer uma rota de trabalho conjunto. Ambas as partes também concordaram em trabalhar conjuntamente pela realização de reunião entre o Presidente Trump e o Presidente Lula na primeira oportunidade possível", diz a nota.
Vieira e Rubio tiveram uma conversa reservada de 15 minutos. Em seguida, realizaram uma reunião ampliada com a presença de embaixadores brasileiros ligados à área econômica do Itamaraty e do representante de Comércio da Casa Branca. Segundo interlocutores do governo Lula, questões políticas sensíveis, como a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro e as investigações do Judiciário brasileiro, ficaram fora da pauta.
O encontro entre Lula e Trump ainda não tem data e local definidos. O mais provável é que ocorra à margem da cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) no fim deste mês, na Malásia.
Desde que passou a aplicar uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, Donald Trump passou a condicionar uma negociação comercial com o Brasil ao arquivamento do processo contra Bolsonaro, que resultou na condenação do ex-mandatário pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Diante da negativa do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Trump determinou sanções contra cidadãos brasileiros, tendo o ministro do STF Alexandre de Moraes como principal alvo.
O tom da Casa Branca mudou desde a semana passada. Durante uma conversa telefônica de meia hora com Lula, Trump não tocou no nome de Bolsonaro. Rubio — um dos principais críticos do Judiciário brasileiro — também manteve o mesmo comportamento na reunião com Vieira.
Depois da reunião, Vieira afirmou que a conversa foi "muito produtiva" e assegurou que a previsão de um encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump está mantida, mas sem data e local definidos.
— Mas isso, obviamente, ainda vai ser definido pelas partes e, de acordo com a agenda dos presidentes, para um momento e local que sejam convenientes para ambos os lados — declarou Vieira.
Nos bastidores, integrantes da diplomacia brasileira destacaram que o diálogo com Washington é essencial para destravar negociações paradas desde o início do ano e garantir previsibilidade às exportações nacionais. O tom adotado por ambos os chanceleres foi descrito como “construtivo e realista”.
Com a retomada do diálogo, Brasília espera que os Estados Unidos adotem gestos concretos — entre eles, a revisão do tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros e a flexibilização de barreiras sanitárias que afetam a agricultura. O chanceler brasileiro também ressaltou o interesse do país em fortalecer mecanismos de cooperação tecnológica e científica, especialmente nas áreas de energia renovável e inovação industrial.
O encontro entre Vieira e Rubio ocorreu em um movimento mais amplo de reaproximação entre os governos Lula e Trump. Após meses de ruído diplomático e tensões comerciais, Brasília aposta em uma estratégia de diálogo direto para reconstruir a confiança com Washington e reduzir incertezas. A expectativa no Itamaraty é que a conversa entre os chanceleres ajude a pavimentar um terreno político mais estável para o futuro encontro entre os dois presidentes, no qual temas sensíveis, como a situação na Venezuela, deverão finalmente ser abordados.
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