
Trump se reúne com Zelensky na Casa Branca após ligação 'produtiva' com Putin
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, foi recebido nesta sexta-feira pelo líder americano, Donald Trump, na Casa Branca, para uma reunião considerada crucial para os rumos da guerra iniciada pela invasão russa em fevereiro de 2022. A cúpula ocorre após uma ligação “produtiva” entre Trump e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e deve tratar do pedido de Zelensky por mais armas de fabricação americana — entre elas, mísseis Tomahawk de longo alcance, capazes de atingir o interior do território russo. O encontro entre os líderes será o terceiro no Salão Oval e o sexto neste ano.
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O aval para o fornecimento dos Tomahawk, um míssil de cruzeiro capaz de atingir alvos a mais de 2 mil km de distância do território ucraniano, colocaria as duas maiores cidades russas — Moscou e São Petersburgo — a seu alcance, e poderia ajudar a mudar os rumos da guerra. No fim de semana, Zelensky conversou duas vezes com Trump, e na terça-feira o republicano soou aberto à ideia, como o fez algumas vezes nas últimas semanas. No entanto, após uma ligação de duas horas com Putin na quinta-feira, o republicano evitou confirmar a autorização para o envio dos mísseis, sinalizando que pode apostar novamente em negociações diretas com o líder russo para tentar encerrar o conflito.
— Ele [Zelenskyy] gostaria de ter Tomahawks. Temos muitos — afirmou Trump, ao lado do presidente da Argentina, Javier Milei, na última terça-feira.
Mas há um grande entrave aos planos de Zelensky (além do risco de uma mudança de opinião de Trump): são poucos os Tomahawk disponíveis, e os sistemas que permitem seu lançamento de terra são ainda mais escassos. Na quinta-feira, ao ser perguntado sobre o tema na Casa Branca, o americano afirmou que “não pode esgotar as próprias reservas” dos EUA desse tipo de armamento.
É uma situação, porém, que Zelensky já enfrentou antes com Trump, que repetidamente adiou a imposição de sanções à Rússia, além de mais ajuda a Kiev, ao mesmo tempo em que deu a Putin chances de negociar — mas que, por ora, não produziram nenhum progresso.
Neste caso, Trump foi energizado em seus esforços de pacificação ao firmar um acordo de cessar-fogo e libertação de reféns entre Israel e o Hamas, e deixou claro que vê o fim da guerra da Rússia contra a Ucrânia como seu próximo objetivo. O republicano, segundo o New York Times, considerou a possibilidade das vendas do Tomahawk como um incentivo para que Putin se sentasse à mesa de negociações.
Navio da Marinha dos EUA lança míssil de cruzeiro Tomahawk
ERIC GARST/MARINHA DOS EUA/AFP
Ao contrário da fatídica reunião de fevereiro, quando Zelensky foi acossado por Trump e seu vice, JD Vance, e de lá saiu sem um acordo relacionado às reservas de recursos minerais de seu país, o ucraniano chegou à Casa Branca com razões para ser otimista.
Em parte por uma estratégia de apaziguamento com o republicano, que envolve os planos para vendas bilionárias de armas americanas a Kiev, em parte pela frustração com a demora em um acordo de paz, Trump soa mais afeito à ideia de apoiar mais a Ucrânia. Ele se diz aberto a sanções mais duras contra Moscou, mas cobra seus aliados para que parem de comprar petróleo russo —a Casa Branca ainda não deu sinal verde para as medidas, que poderiam estrangular a já cambaleante economia russa.
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Pelo lado militar, Trump afirmou, em reunião às margens da Assembleia Geral da ONU, que a Ucrânia poderia retomar todo o território perdido para a Rússia — cerca de 20% da área do país, de acordo com as fronteiras de 1991 — “e ir além”. Ele também deu sinal verde para que os ucranianos realizassem ataques mais profundos em solo russo, e passou a fornecer dados de inteligência que permitissem ações mais precisas contra a infraestrutura energética do país, que enfrenta problemas de abastecimento de combustíveis.
Reunião com Putin
Na véspera da reunião com o ucraniano, Trump afirmou que deve se reunir com Putin, após uma conversa por telefone na qual disse ter obtido um “grande progresso”.
"O presidente Putin e eu nos encontraremos em um local combinado, Budapeste, Hungria, para ver se podemos dar fim a esta guerra 'inglória' entre a Rússia e a Ucrânia", escreveu Trump no Truth Social.
De acordo com o assessor especial da Presidência russa, Yuri Ushakov, Putin reiterou que suas forças mantêm o “controle total” das linhas de combate, e que a proposta de envio de mísseis de cruzeiro Tomahawk — como sugerido pelos EUA — à Ucrânia não mudaria o cenário da guerra, mas prejudicaria as relações entre Moscou e Washington. Ele completou dizendo que a Rússia está comprometida “com uma solução política e diplomática para a guerra”, e que Trump prometeu levar as questões de Moscou a Zelensky.
Presidentes dos EUA, Donald Trump (D), e da Rússia, Vladimir Putin, antes de reunião em base militar
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