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Transtornos mentais graves podem reduzir expectativa de vida em até 20 anos, aponta estudo

09/10/2025 07:02 O Globo - Rio/Política RJ

Pessoas com doenças mentais graves morrem de 13 a 20 anos mais cedo do que o restante da população. Não é o diagnóstico psiquiátrico em si que encurta o tempo de vida, mas sim problemas físicos evitáveis: tabagismo, sedentarismo, má alimentação, distúrbios do sono e os efeitos metabólicos dos medicamentos.
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Isso é demonstrado por um estudo internacional publicado na Lancet Psychiatry, do qual participou Miguel Gutiérrez, professor do Programa de Psicologia da Faculdade de Medicina e Ciências da Saúde da Universidade del Rosario.
"Setenta por cento das mortes entre pessoas com doenças mentais graves são devidas a condições físicas", explica Gutiérrez. "Queríamos encontrar práticas que prevenissem essa perda de vidas, mas que fossem viáveis ​​para países de baixa renda", complementou.
O estudo revisou 89 estudos e 18 meta-análises, com a participação de especialistas da Austrália, Uganda, Indonésia, Brasil, Bangladesh, Índia, Colômbia, Egito, Nigéria, Ruanda, Ucrânia e Turquia.
O objetivo era identificar intervenções adaptáveis ​​a contextos economicamente limitados, onde soluções de países ricos, que exigem reformas arquitetônicas ou compras em larga escala, são inatingíveis, como as da Colômbia e de outros países latino-americanos.
"Queríamos garantir que as recomendações não terminassem com uma saudação à bandeira", enfatiza a pesquisadora.
É por isso que o relatório se concentra em quatro intervenções de baixo custo: atividade física, nutrição, cessação do tabagismo e melhora do sono. Inclui exemplos de programas comunitários, estudos de caso e diretrizes para que cada país implemente ações adaptadas às suas circunstâncias específicas.
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O relatório enfatiza a inclusão dos familiares desde o momento do diagnóstico.
"O apoio deve incluir monitoramento da saúde física antes do início da medicação e acompanhamento durante todo o processo", alerta Gutiérrez. Recomendações para uma dieta balanceada, exercícios físicos e um sono reparador beneficiam todos em casa, não apenas o paciente.
Há exemplos de oficinas de culinária familiar, danças e práticas culturais que fortalecem os laços comunitários e são sustentáveis ​​ao longo do tempo. No entanto, muitas famílias são deixadas sozinhas na prestação de cuidados.
"Uma mãe que trabalha o dia todo e sustenta a casa enfrenta barreiras estruturais: pobreza, educação e moradia. Isso limita a adoção de hábitos saudáveis", reflete.
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Redes comunitárias: a estratégia mais eficaz
Para países de baixa renda, a pesquisa sugere aproveitar ao máximo os recursos locais: líderes comunitários ou religiosos, espaços públicos, treinamento de pares e redes familiares.
"Nem sempre podemos contar com profissionais especializados em todos os lugares, mas podemos desenvolver redes de apoio", ressalta Gutiérrez.
De acordo com o estudo, investir em programas comunitários para promover atividade física, nutrição ou cessação do tabagismo é muito menos custoso do que tratar doenças crônicas avançadas que, em última análise, esgotam os sistemas de saúde.
"Cuidar da saúde física de pessoas com transtornos mentais não é um complemento; é uma necessidade urgente. Só assim poderemos reduzir a diferença de anos de vida perdidos e realmente melhorar sua qualidade de vida", concluiu o professor do Programa de Psicologia da Faculdade de Medicina e Ciências da Saúde da Universidade del Rosario, na Colômbia.

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