
Geração Z redescobre o luxo artesanal: marca de adolescentes lança vestidos à mão e viraliza
Durante décadas, o luxo se mediu pela distância. O que era exclusivo habitava vitrines inacessíveis, tecidos que poucos podiam tocar e etiquetas escritas em francês. Hoje, o verdadeiro prestígio está nas costuras visíveis, no toque humano e no tempo dedicado a criar o que antes era invisível. Grifes como Loro Piana e Chloé redescobriram o valor do artesanal, transformando o feito à mão em uma nova linguagem de sofisticação silenciosa.
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Essa mudança de perspectiva, que começou discretamente na Europa, ecoa com força no Brasil, país onde o trabalho manual sempre fez parte da cultura popular. Aqui, o bordado e o crochê são heranças passadas entre gerações. Agora, deixam de ser apenas tradição para ocupar também o território do desejo. É uma resposta à moda acelerada, que transformou roupas em algoritmos e tendências em descartáveis.
Em Porto Alegre, duas adolescentes de 15 anos decidiram traduzir esse movimento com naturalidade e propósito. À frente da marca NS Dress, Ninna Bajotto e Sofia Serafim começaram a costurar vestidos à mão como parte de um projeto escolar. O que era uma ideia entre amigas virou um ateliê autoral. Recentemente, lançaram uma campanha digital inspirada nas grandes grifes de luxo, enviando criações artesanais para influenciadoras como Antonela Braga, Liz Macedo e Sofia Schaadt, representantes da nova geração nas redes sociais.
A proposta vai além da publicidade. Sem contratos, roteiros ou estética forçada, o gesto é simbólico: entregar o resultado de um trabalho manual a jovens que ditam tendências e observar o impacto disso numa cultura movida pela velocidade e pelo instantâneo.
Moda artesanal vira tendência e marca de adolescentes brasileiras conquista influenciadoras
Reprodução Instagram / CO Assessoria
Vídeos que mostram o processo de confecção, tecidos leves, linhas coloridas e mãos em movimento, conquistaram o público justamente por parecerem lentos em meio à pressa digital. Há algo de hipnótico em assistir a uma peça nascer do zero enquanto o tempo da internet corre em segundos. Essa contradição marca o ponto de encontro entre o artesanal e o digital.
Nos bastidores, o feito à mão começa a recuperar o prestígio perdido para o industrial. Em um mercado saturado por coleções rápidas e descartáveis, o cuidado voltou a ser valor. Marcas de luxo investem em oficinas locais e processos sustentáveis, enquanto grifes brasileiras apostam em produções pequenas, porém significativas.
A Geração Z, criada entre filtros e descartes, começa a enxergar no artesanato uma forma de autenticidade. Não se trata de nostalgia, mas de reconexão. O desejo por peças que carregam tempo e identidade revela um amadurecimento estético, e afetivo. Vestir algo com história é uma escolha de estilo, mas também de valores.
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