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Cidade japonesa recomenda limitar uso do celular a duas horas por dia; entenda

10/10/2025 09:36 O Globo - Rio/Política RJ

Na cidade japonesa de Toyoake, foi aprovada uma norma que recomenda limitar o uso do telefone celular a duas horas por dia. Embora a polícia não vá punir os infratores, o prefeito está decidido a melhorar a relação das pessoas com as telas.
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Durante entrevista na prefeitura, Masafumi Kouki afirmou à AFP que há meses se preocupa “com os efeitos negativos do uso excessivo dos smartphones, em particular a forte diminuição da comunicação humana direta”.
— Mesmo nos trens, todo mundo está olhando para o celular, ninguém mais conversa com ninguém. Quis criar uma oportunidade para que nossos habitantes reflitam sobre esse problema — explicou o prefeito.
A prefeitura aprovou a “ordem local” por 12 votos a 7. A medida, centrada no uso adequado de telefones, computadores portáteis e tablets, entrou em vigor na semana passada e se aplica tanto a adultos quanto a crianças.
Localizada nos arredores de Nagoya, metrópole industrial do centro do Japão, a cidade pretende incentivar a autorregulação, sem impor sanções em caso de descumprimento.
Segundo Kouki, quando a norma foi proposta, “a oposição foi quase unânime” na cidade, mas muitos cidadãos mudaram de opinião ao saber que o “limite diário” não inclui o tempo de trabalho ou de estudo e que se trata apenas de uma recomendação.
Reações divididas
A proposta, porém, não convenceu todos os 68 mil moradores de Toyoake.
— Hoje em dia fazemos tudo, estudar, nos divertir, nos comunicar, com um celular — afirmou Shutaro Kihara, estudante de Direito de 22 anos. Para ele, a regulamentação é “bastante inútil ou ineficaz” para os jovens.
A vereadora Mariko Fujie, de 50 anos, votou contra a medida. Ela reconhece que o uso excessivo de smartphones é um problema social que merece ser enfrentado, mas “resisto muito à ideia de regular o tempo livre das pessoas por meio de uma ordem municipal”, disse à AFP. “Parece uma interferência!”
O estudante do ensino médio Ikka Ito, fã de videogames, contou que usa o celular entre quatro e cinco horas por dia.
— Comecei a reduzir meu tempo de tela voluntariamente desde o anúncio, sem que meus pais me pedissem — garantiu.
Com o objetivo de melhorar o sono, entre outros fatores, o texto recomenda que alunos do ensino fundamental evitem as telas após as 21h. Já estudantes do ensino médio e adultos são convidados a desligá-las até as 22h.
Cidadãos cansados
Pesquisas indicam que os japoneses dormem menos do que os habitantes de outros países desenvolvidos, em parte devido às longas jornadas de trabalho.
A moradora Kokuka Hirano, de 59 anos, admite que “falta sono” por causa do telefone.
— Quero pesquisar muitas coisas que não entendo, acabo vendo notícias de diferentes países e o tempo escapa das minhas mãos — explica.
Ela afirma querer limitar o uso do celular para dedicar mais tempo ao exercício físico e à culinária. Mas pondera:
— Três ou quatro horas seriam algo mais razoável. Duas horas me parecem muito restritivas.
Estudos mostram que, além de interferir no descanso — o que pode afetar a saúde mental —, o uso intensivo das redes sociais está relacionado à solidão, depressão e ansiedade.
O prefeito Kouki tem dois filhos, de 10 e 7 anos, que não possuem celular, embora o mais velho às vezes pegue emprestado o da mãe. A família agora evita, em respeito à norma, o uso de telas durante as refeições.

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