Logo
Tudo que você precisa saber sobre as eleições em um só lugar

Destituído por Moraes, advogado de Filipe Martins já discutiu com o ministro: 'Enquanto eu falo, o senhor fica quieto'

10/10/2025 14:44 O Globo - Rio/Política RJ

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou, nesta quinta-feira, a destituição dos advogados de Filipe Martins, ex-assessor de Jair Bolsonaro (PL), réu na ação penal que apura a trama golpista. Um dos defensores do acusado é Jeffrey Chiquini — também atuante na defesa do "kid preto" Rodrigo Bezerra —, que já protagonizou discussões com Moraes em meio às audiências e possui quase dois milhões de seguidores nas redes sociais.
Leia: Nikolas elogia Tarcísio, mas avalia que trocar reeleição para competir com Lula é 'risco muito alto'
Após aposentadoria: Próximos passos de Barroso no STF incluem reuniões com equipe e casos de repercussão econômica
A decisão do magistrado foi tomada após os defensores de Martins e do ex-assessor Marcelo Câmara, que também teve os advogados destituídos, deixarem de apresentar as alegações finais dentro do prazo legal, mesmo após intimação. Ele definiu o comportamento como “absolutamente inusitado”, apontando litigância de má-fé e tentativa de procrastinação do processo, sem justificativa plausível.
Em nota divulgada nas redes sociais, Chiquini classificou a decisão como "temerária", e destacou que não houve inércia dos advogados. Ele afirma que a Procuradoria-Geral da República inseriu documentos na acusação depois do encerramento, o que motivou um pedido de reabertura da instrução e de um novo prazo para as alegações finais "após a devida análise técnica dos materiais".
Envolvimento em polêmicas
Durante uma audiência na Corte em julho deste ano, Moraes afirmou que Chiquini deveria ficar "quieto" enquanto ele falasse e não deveria "tumultuar". O advogado questionou o tamanho do material disponibilizado às defesas, alegando que não foi possível analisar todos os dados. O ministro começou a explicar que esses elementos não interferem na audiência de Cid, quando Chiquini insistiu no tamanho.
— Enquanto eu falo, o senhor fica quieto. Não vamos tumultuar, doutor — afirmou Moraes. — O senhor vai se comportar? O senhor pode deixar para fazer isso nos seus likes do X. Aqui na audiência, não. Se o senhor quiser fazer esse teatrinho, pode fazer no seu Telegram, no seu Instagram.
Na mesma sessão, conforme a coluna de Malu Gaspar, do GLOBO, o advogado fez uma série de perguntas ao tenente-coronel Mauro Cid, de forma incisiva, o que contrariou a defesa do militar. O motivo foram os questionamentos sobre a opinião pessoal de Cid em relação à tentativa de golpe de Estado, que estava depondo na condição de informante. O posicionamento de Chiquini foi considerado “impertinente” por Moraes, que indeferiu as perguntas e desobrigou Cid de ter que respondê-las.
Dois dias depois, em nova audiência, Moraes interrompeu Chiquini por considerar que ele estava “interrogando” outra testemunha — o ex-ministro do GSI, Gonçalves Dias —, ao insistir em questionamentos sobre o efetivo no Planalto no dia dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
— A testemunha já respondeu. Quando os golpistas chegaram, porque não são vândalos, são golpistas condenados, as imagens (do efetivo do GSI) são claras — disse Moraes, que chegou a cassar a palavra do advogado.
Já no mês passado, ao lado do vereador Guilherme Kilter (Novo-PR), Chiquini foi expulso da UFPR por alunos e impedidos de dar uma palestra na faculdade. Eles haviam sido convidados para a mesa de debate "Como o STF tem alterado a interpretação constitucional", no mesmo dia que a Corte retomou o julgamento do núcleo crucial da trama golpista.
Chiquini e Kilter relataram terem sido agredidos com tapas e chutes, e imagens gravadas pelo advogado mostraram empurrões e xingamentos. O vereador, por sua vez, fez coro pela anistia aos condenados pelo 8 de janeiro.
Advogado Jeffrey Chiquini foi expulso da UFPR e hostilizado por alunos; polícia foi acionada
Reprodução
Posicionamento político
Com forte presença nas redes sociais, Chiquini costuma publicar críticas contra Moraes, além de já feito posts para celebrar e ironizar a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro e sua esposa. Na linha da narrativa bolsonarista, ele também já chegou a afirmar que o STF "transformou o Brasil na primeira ditadura da história do mundo governada pelo Judiciário".
O advogado também usa as redes para apoiar o ex-presidente Bolsonaro, definido por ele como o "o primeiro cobaia da ditadura brasileira". Em agosto deste ano, Chiquini esteve presente no lançamento da pré-candidatura do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), à presidência da República, vestindo uma camisa com a estampa "Free Bolsonaro".
Paulo Martins, Deltan Dallagnol, Jeffrey Chiquini e Guilherme Kilter no lançamento de Zema
Divulgação

Fonte original: abrir