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Estudo inédito da CNA traça plano para estradas vicinais

10/10/2025 13:57 O Globo - Rio/Política RJ

Cerca de oito milhões de brasileiros trabalham no setor agropecuário e utilizam os 2,2 milhões de quilômetros de estradas vicinais, distribuídas em 557 microrregiões no país e essenciais para essas comunidades, pois conectam propriedades rurais às cidades e aos grandes corredores logísticos, escoando a produção rural até os portos ou centros de distribuição — mas estão em péssimo estado de conservação.
Diante desse cenário, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e o Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-Log) fizeram o estudo “Panorama das Estradas Vicinais no Brasil”, a partir de visitas a oito microrregiões brasileiras nos estados da Bahia, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará e Paraná.
Chuvas revelam as péssimas condições das estradas mal planejadas e mal conservadas
ELISANGELA PEREIRA LOPES/CNA
O estudo concluiu que é necessário um investimento de aproximadamente R$ 4,9 bilhões por ano para adequar as vias em regiões consideradas altamente prioritárias a um padrão mínimo de qualidade. Estima-se que as deficiências nas estradas vicinais gerem um acréscimo de R$ 6,4 bilhões por ano nos custos operacionais de transporte.
Comunidades prejudicadas
Buracos, erosões, ondulações, atoleiros, acúmulo de água e pontes ruins foram alguns dos problemas apontados no estudo, que percorreu 1.200 quilômetros e ouviu 150 pessoas, entre produtores rurais e secretários municipais de infraestrutura e agricultura. Letícia Vilela é produtora rural em Rondon do Pará, e conhece bem esse cenário. Ela diz que a necessidade de melhorar as estradas vicinais não se limita a benefícios aos produtores rurais, mas a toda a comunidade local.
— Quando estamos no período de chuva, há crianças que ficam 15 dias sem ir à escola devido às péssimas condições das estradas. Por vezes pontes caem — conta.
Precisamos de um novo traçado para o escoamento, como foi feito no interior de São Paulo
Letícia explica que a maioria da s estradas vicinais do estado foram abertas por madeireiras, que não fizeram estudos para otimizar distâncias e tempo:
— Hoje damos uma volta para chegar em lugares que, pelo relevo, daria para se chegar mais rápido. Precisamos de um novo traçado para o escoamento, como foi feito no interior de São Paulo. É preciso identificar os gargalos, alterar os traçados das malhas atuais e definir quais são os locais ideais para se fazer trajetos inteligentes.
Os produtos mais transportados por essas estradas são cana-de-açúcar, cereais, leguminosas e oleaginosas, frutas, lavouras permanentes e temporárias, leite, madeira, milho, soja e produção animal. A perda no transporte de grãos pode chegar a uma margem considerável do lucro.
— O caminhão trepida bastante; com isso os grãos, que são pequeninos, vão caindo pela estrada. Tem produtor que perde 10% dos produtos — lamenta Letícia.
Ponte na microrregião de Imperatriz, no Maranhão
PATRÍCIO COELHO/FAEMA
No Brasil, a malha viária tem grande importância para o desenvolvimento do país. E, por conta disso, a boa manutenção das estradas e vias do Brasil faz toda diferença no preço que pagamos nas mercadorias. O produtor rural e empresário do ramo de logística Rogério Astoria, de Eunápolis, na Bahia, explica quais são as necessidades da sua região:
— Nossa região tem um clima ótimo, mas a chuva causa problemas que poderiam ser amenizados caso tivéssemos um plano de manutenção, com valas nas laterais das estradas, prevenções contra erosões, entre outros cuidados.
Rogério ainda explica que o custo da produção acaba ficando mais caro.
— Todos esses problemas acabam onerando a operação, que no final faz com que os produtos comercializados fiquem mais caros para o consumidor — finalizou.
Evento de lançamento reúne parlamentares e lideranças do setor produtivo
Na abertura do evento de lançamento do estudo “Panorama das Estradas Vicinais no Brasil: qualidade de vida para as populações rurais”, o presidente da CNA, João Martins, disse que é preciso mostrar ao país a realidade das estradas vicinais.
O evento reuniu, na sede da CNA, na quarta-feira (8), parlamentares, lideranças e representantes do setor produtivo, presidentes de federações estaduais de agricultura e pecuária, diretores do Sistema CNA/Senar e convidados.
Presidente da CNA, João Martins abriu o evento na sede da Confederação
Divulgação
— Temos que mostrar ao governo, aos deputados, aos senadores, e a todas as autoridades, a realidade das nossas estradas vicinais — afirmou Martins ao discursar na abertura do evento.
João Martins ressaltou como estradas vicinais afetam todos os produtores rurais, principalmente os pequenos. O presidente da CNA citou o exemplo de pequenos produtores de leite que, muitas vezes, transportam o leite para a cidade. E que o custo do transporte com a manutenção dos veículos devido à qualidade das vicinais afeta toda a rentabilidade dos produtores.
João Martins e o presidente da Co

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