
Governo Lula mapeou outros ‘culpados’ além de Tarcísio de Freitas pela derrota no Congresso
Embora o Palácio do Planalto tenha centrado a artilharia contra o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o governo Lula já incluiu outras lideranças políticas na lista de culpados pela expressiva derrota na votação da Medida Provisória alternativa ao IOF na Câmara dos Deputados na última quarta-feira (8). De acordo com auxiliares do presidente, os principais seriam os presidentes do PP, Ciro Nogueira, e do PSD, Gilberto Kassab.
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Além disso, a articulação política de Lula detectou a mobilização de pelo menos outro governador da direita, Ratinho Júnior (PSD-PR), que assim como Tarcísio é cotado para disputar a presidência contra o petista em 2026.
A queda do projeto criado para aumentar a arrecadação de impostos compensando o aumento do IOF deve provocar um rombo de R$ 40 bilhões nas contas públicas, de acordo com cálculos da própria gestão petista. Ao todo, 251 deputados votaram contra o texto e 193 a favor.
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Nesta quinta-feira, ao fazer uma revisão do roteiro que levou à derrota, integrantes do governo disseram à equipe da coluna terem detectado os primeiros sinais de movimentação de Tarcísio e Ciro ainda na semana passada a partir do desembarque de parte da bancada do agronegócio do acordo que previa a isenção de Letras de Crédito Agropecuário (LCA). O presidente da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), deputado Pedro Lupion, é filiado ao PP, partido de Ciro.
Auxiliares de Lula afirmam terem tomado conhecimento de que o presidente do partido pressionou deputados diretamente, minando o acordo feito com Lupion.
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Sem a certeza dos votos do agro, a articulação política se voltou para as bets – que, como mostramos no blog, teriam a tributação elevada de 12% para 18%. Tentando garantir o apoio à MP, o governo não apenas recuou desse aumento e manteve os 12% atuais e ainda criou um regime especial para o setor que previa a repatriação de recursos enviados ao exterior para escapar da Receita, prevendo o perdão dos crimes sem qualquer investigação.
Encerrada a votação, o PP de Ciro havia dado 40 votos – de uma bancada de 50 – contra Lula. Apenas um parlamentar, Mário Negromonte Jr. (BA), votou com o governo. Filiado ao partido, o ministro dos Esportes, André Fufuca, não se desincompatibilizou do cargo para reforçar a articulação na Câmara. Fufuca comprou briga com o comando do partido e se recusou a atender um ultimato para pedir demissão da pasta.
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Aliados de Lula afirmam ainda que Gilberto Kassab telefonou diretamente para o líder do PSD na Câmara, Antonio Brito (BA), e pediu para que o deputado orientasse contra a Medida Provisória. Brito atendeu ao desejo de Kassab, mas votou com o governo ao lado de outros 19 colegas de bancada. Ao todo, 18 parlamentares do PSD votaram contra o Planalto.
Indagado pela equipe da coluna, Kassab afirmou que não procurou ninguém, mas foi questionado por Brito a respeito do que fazer e deu sua opinião contra o aumento de impostos.
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De acordo com auxiliares de Lula, os articuladores do governo também teriam detectado a movimentação de Ratinho Júnior, governador do Paraná, contra a MP.
Embora flerte com as candidaturas de Tarcísio e Ratinho em 2026, o PSD controla três ministérios no governo Lula: Agricultura (Carlos Fávaro), Minas e Energia (Alexandre Silveira) e Pesca (André de Paula).
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No Republicanos, partido de Tarcísio, 29 deputados votaram contra o projeto e 10 a favor. O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, é filiado à legenda, que por sua vez atribui sua nomeação à cota pessoal de Lula.
O entorno do presidente da República desconfia ainda que outros governadores da direita se mobilizaram para inviabilizar o texto, mas por ora atribui a estas quatro lideranças o maior peso no desfecho desastroso para a política fiscal do ministro Fernando Haddad.
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Legislativo: R
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