Governo Lula garante vitória digital com debate sobre derrubada de MP alternativa ao IOF, mostra levantamento

Em uma nova vitória digital do governo Lula, perfis ligados à esquerda dominaram o debate nas redes sobre a derrubada na Câmara da Medida Provisória (MP) que foi editada como alternativa ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). É o que mostra um relatório produzido pela consultoria Bites exclusivamente para o GLOBO. Com expressões como “Congresso Inimigo do Povo”, foram registradas 552,4 mil menções por governistas desde a decisão do Legislativo. Esse montante representa 74% do total de posts ocorridos nos últimos três dias, quando a discussão esquentou e gerou 764,5 mil postagens. As mensagens da oposição, por sua vez, comemorando a derrubada da pauta, apareceram em apenas 13,2% dos posts.
'Jogo Político': Pesquisa aponta a politização nos templos evangélicos e a migração de fiéis entre igrejas; veja números
Qual a idade do ministro Barroso? Renúncia antes do tempo abre vaga no STF
— O uso dessas expressões pelos governistas apareceu mais do que no momento da votação da PEC da Blindagem, o que mostra como é um movimento relevante da esquerda e a capacidade do governo Lula de articular nas redes sociais — avalia André Eler, diretor adjunto da Bites.
Diferentemente do cenário na discussão digital, a derrubada da MP representou uma das principais derrotas do governo Lula no Congresso, exatamente uma semana após a aprovação do projeto que isenta de Imposto de Renda (IR) quem ganha até R$ 5 mil.
O texto previa a tributação de títulos de investimentos e cobranças retroativas de empresas de bets. Pelo placar de 251 a 193, a maioria dos parlamentares votou para que ela não fosse analisada pelo plenário da Casa. Com o revés, o governo terá um impacto negativo no orçamento de R$ 46,5 bilhões até o ano que vem - são R$ 31,6 bilhões em frustração de receitas e R$ 14,9 bilhões em medidas de contenção de gastos.
Integrantes do governo e parlamentares governistas admitiam desde o dia anterior que não havia votos necessários para a aprovação da MP. Os articuladores ainda tentaram mudar o cenário com uma sequência de reuniões ao longo do dia para tentar angariar apoio, mas não foi suficiente. No final, a postura foi levar a proposta para voto, para que ficasse explícito quem foi contrário à medida.
Aliados de Lula veem na mobilização contra a MP uma antecipação da disputa eleitoral e afirmam que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), atuou para convencer congressistas a se posicionarem contra a medida. Segundo esses interlocutores, o discurso foi de que a aprovação da medida significaria dar R$ 30 bilhões para o petista gastar em ano eleitoral.
Procurado pelo GLOBO, Tarcísio negou participar de qualquer articulação envolvendo a MP.

Fonte original: abrir