
Papa Leão XIV defende cardeal que falou sobre 'massacre' em Gaza
O Papa Leão XIV saiu nesta terça-feira em defesa de seu braço direito, o cardeal Pietro Parolin, que na véspera falou sobre um "massacre" em Gaza, provocando protestos da embaixada israelense no Vaticano. Em entrevista à imprensa, Parolin, secretário de Estado do Vaticano, descreveu o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 em Israel como "desumano e indefensável", ao mesmo tempo em que expressou sua emoção com as mortes diárias de "tantas crianças cuja única culpa parece ser ter nascido lá".
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— Corremos o risco de nos tornarmos insensíveis a este massacre. É inaceitável e injustificável reduzir seres humanos a meros 'danos colaterais' — declarou o cardeal na segunda-feira.
Em declaração a repórteres ao deixar sua residência de verão em Castel Gandolfo, perto de Roma, o pontífice disse que "o cardeal expressou muito bem a opinião da Santa Sé".
A embaixada israelense na Santa Sé criticou essas declarações e denunciou o uso do termo 'massacre' porque, segundo as autoridades israelenses, "não há equivalência moral entre um Estado democrático que protege seus cidadãos e uma organização terrorista que busca matá-los".
"O texto se concentra nas críticas a Israel, ignorando a recusa consistente do Hamas em libertar os reféns ou pôr fim à violência", escreveu a embaixada no X.
Aos jornalistas, Leão XIV fez menção ainda aos "dois anos muito dolorosos" desde o início do conflito entre Israel e o Hamas.
— É necessário reduzir o ódio, retomar a capacidade de diálogo e buscar soluções pacíficas — destacou o Papa.
Há pouco mais de duas semanas, o pontífice expressou a solidariedade da Igreja com a população da "terra martirizada" de Gaza e declarou que "não há futuro baseado na violência, no exílio forçado e na vingança", ao final da oração dominical do Angelus na Praça de São Pedro.
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Primeira viagem internacional
O papa visitará a Turquia e o Líbano entre o final de novembro e o início de dezembro, na sua primeira viagem ao exterior desde sua eleição como sumo pontífice, anunciou a Santa Sé nesta terça-feira. A visita à Turquia ocorrerá de 27 a 30 de novembro e "incluirá uma peregrinação a Iznik para marcar os 1.700 anos do Primeiro Concílio de Niceia", enquanto a visita ao Líbano acontecerá de 30 de novembro a 2 de dezembro, segundo o Vaticano.
O programa detalhado do giro de seis dias será divulgado "no devido tempo", informou Matteo Bruni, diretor do serviço de imprensa da Santa Sé. Em setembro, fontes do Vaticano indicaram à AFP que esta viagem em duas etapas estava sendo preparada após o convite das autoridades de ambos os países. O próprio papa havia confirmado em julho sua intenção de visitar a Turquia para participar do aniversário do Concílio de Niceia, que definiu várias das principais crenças do cristianismo.
Inicialmente, esta viagem deveria ser realizada no final de maio pelo papa Francisco, que faleceu em 21 de abril aos 88 anos. Leão XIV foi eleito pelo Colégio Cardinalício em 8 de maio.
Niceia, atualmente a cidade turca de Iznik, situada a cerca de cem quilômetros a sudeste de Istambul, acolheu no ano 325 o primeiro concílio ecumênico cristão da história, convocado pelo imperador Constantino I. Esta assembleia, de cerca de 300 bispos do Império Romano, estabeleceu o chamado Credo Niceno e a doutrina da Trindade — Pai, Filho e Espírito Santo —, um dos pilares do cristianismo atual.
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'Momento histórico'
Muito esperada no Líbano, a visita de Leão XIV deverá se concentrar na paz nesse país multiconfessional que se comprometeu a desarmar os grupos não estatais, em particular o movimento xiita pró-iraniano Hezbollah.
— No Líbano, terei a oportunidade de mais uma vez transmitir uma mensagem de paz (...) em um país que sofreu muito. O papa Francisco queria ir, para oferecer seu apoio ao povo libanês (...). Tentaremos levar esta mensagem de paz e esperança — disse Leão XIV nesta terça-feira.
Em agosto, o patriarca maronita Béchara Raï havia anunciado que o papa americano viajaria ao Líbano "antes de dezembro", sem dar mais detalhes. Apesar do cessar-fogo que entrou em vigor em novembro de 2024 após um intenso conflito com o Hezbollah, Israel mantém tropas em posições fronteiriças consideradas estratégicas no sul do Líbano. Além disso, o Exército israelense realiza ataques regulares, afirmando que seu objetivo são os combatentes pró-iranianos e suas infraestruturas.
Com esta viagem, Leão XIV torna-se o terceiro papa a visitar o Líbano, depois de João Paulo II (1997) e Bento XVI (2012). Espera-se que ele visite o mosteiro de São Charbel, ao norte de Beirute, disse nesta terça-feira uma fonte próxima aos organiz
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