Logo
Tudo que você precisa saber sobre as eleições em um só lugar

Óleo de palma une pequenos produtores e indústrias para descarbonizar o transporte

09/10/2025 05:01 O Globo - Rio/Política RJ

A indústria brasileira de óleo de palma quer aproveitar a realização da COP30 em Belém para apresentar seu plano para ampliar a produção no Pará que, atualmente, concentra 98% da atividade no país. O objetivo é acelerar a expansão das áreas de palmeiras que produzem a matéria-prima com a recuperação de pastagens e áreas degradadas e a atração de agricultores familiares.
COP30 Amazônia: veja como foi o debate sobre como a bioeconomia pode ajudar a preservação de florestas
COP30: agricultura regenerativa pode gerar até 100 bilhões de dólares só no Cerrado
O setor considera os próximos cinco anos decisivos para o Brasil assumir o protagonismo na produção de biocombustíveis, e o óleo de palma tem larga vantagem para a produção do biodiesel, reduzindo as emissões do transporte de carga com combustíveis de origem fóssil. Além disso, enquanto crescem seus frutos, as palmeiras têm maior capacidade de sequestrar carbono em comparação com a soja, por exemplo.
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Produtores de Óleo de Palma (Abrapalma), Victor Almeida, os esforços do Plano Nacional do Combustível do Futuro de aumentar o biocombustível na mistura de gasolina e diesel até 2030 favorecerá o mercado de óleo de palma, que se insere na bioeconomia amazônica. No entanto, o acesso limitado ao crédito — ainda com a taxa básica de juros em 15% ao ano — dificulta o crescimento da cultura na Amazônia.
O óleo de palma também é empregado nas indústrias de alimentos e de higiene e limpeza, como fonte de gordura vegetal. Pode substituir — e baratear — a textura do cacau no chocolate em barra, por exemplo. O manejo adequado da palma tem capacidade de crescer de 2 mil a 3 mil hectares por ano, podendo alcançar 7 milhões de toneladas de óleo produzidos por ano até 2030.
Laboratório da JBS, que criou a Biopower para produzir biodiesel
Divulgação/ JBS
Hoje, o país produz cerca de 600 mil toneladas de óleo de palma por ano, mas a maior parte da produção da commodity no mundo está na Ásia, com Indonésia e Malásia respondendo juntas por 84% do que é produzido. O cultivo de palma gerou R$ 1,7 bilhão de faturamento no Brasil em 2023, dado mais recente disponível, e empregou 13,8 mil trabalhadores formais, de acordo com dados da Rais, do Ministério do Trabalho.
O problema é que o alto investimento necessário para iniciar o plantio das palmeiras e a demora no retorno assustam grandes investidores. Por isso, as processadoras de palma resolveram se voltar para a agricultura familiar e dar incentivos para que pequenos produtores ingressem na cadeia de produtores.
Indústria concentrada
A indústria nacional do óleo está concentrada em uma dezena de grandes empresas, todas representadas pela Abrapalma. As processadoras detêm 80% das áreas cultivadas, a maior parte no nordeste do Pará, somando cerca de 250 mil hectares, mas isso não é suficiente para a demanda.
Almeida acredita que as reuniões pré-COP30 e as plenárias de novembro abrirão espaço para o setor apresentar a viabilidade econômica e ambiental do setor, reforçando o óleo de palma como alternativa verde na transição energética brasileira. Leonardo Zilio, diretor de Relações Institucionais e Sustentabilidade do Grupo Oleoplan, um dos produtores do Pará, diz que a empresa será parceira da associação nessa defesa no evento:
— Trata-se do óleo mais produzido e consumido no mundo, com potencial para recuperar áreas degradadas com florestas e papel estratégico para a indústria de biodiesel, já que seu uso na produção do biocombustível é irrestrito.
Ipsos-Ipec: 64% dos brasileiros apoiam a COP30 no país, mas 55% estão desinformados sobre o evento
Do Rio a Belém: Geógrafo percorre 3 mil km de bicicleta para evento e busca engajar estudantes no caminho
Segundo o executivo, a substituição do diesel fóssil pelo óleo de palma pode reduzir em até 72% as emissões de gases de efeito estufa dos transportes no país, contribuindo, em médio prazo, para diminuir a dependência das importações do derivado de petróleo. Ele defende regularização fundiária para habilitar pequenos agricultores na cadeia produtiva e permitir sua expansão para outros estados, como Bahia e Rondônia, mas com subsídios e políticas de apoio integradas à agricultura familiar. O alto interesse do setor aponta o quão promissora é a indústria do biodiesel, atualmente mais associada à soja.
— Um hectare de soja gera três toneladas de óleo enquanto o mesmo espaço de palma gera 25. A soja requer sete vezes mais área para produzir o mesmo — compara Almeida, da Abrapalma.
Hoje, segundo a entidade, o agricultor familiar na Amazônia tem acesso a R$ 250 mil por meio de uma linha de financiamento do Programa Nacional da Agricultura Familiar (Pronaf) para projetos de bioeconomia. Com cinco a oito anos de carência para a cultura, o crédito às famílias produtoras é dimensionado para a implantação de 10 hectares de palmeiras, sendo necessário ter um contrato de parceria com uma processadora, que oferece garantias à operação.
Rede de fornec

Fonte original: abrir