
NYT: Hamas assume grande risco em acordo que liberta reféns
O Hamas assumiu um risco significativo ao concordar em libertar os reféns restantes em Gaza, prescindindo de grande parte do poder de barganha que tem com Israel, sem nenhuma certeza de que conseguiria tudo o que queria em troca. O grupo palestino há muito afirmava estar disposto a libertar todos os presos em troca da retirada completa das forças militares israelenses de Gaza, do fim permanente da guerra e da libertação de prisioneiros palestinos. No entanto, o acordo alcançado nesta quinta-feira garante apenas uma dessas três coisas: a libertação dos prisioneiros.
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Não há certeza de que isso levará ao fim da guerra e, inicialmente, prevê apenas uma retirada parcial das tropas de Israel.
Analistas afirmaram que esse foi um grande compromisso que refletiu o quanto o Hamas foi severamente enfraquecido durante a guerra de dois anos e como sofreu uma enorme pressão recente de aliados importantes, como o Catar e a Turquia.
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— O Hamas acabou de fazer grandes concessões — disse Esmat Mansour, analista palestino que passou anos em prisões israelenses com líderes da organização terrorista. — Ele está correndo um risco ao acreditar que a guerra vai acabar, mas também tem poucas outras opções à sua disposição.
O acordo prevê a troca de todos os reféns sobreviventes e dos corpos dos outros por centenas de prisioneiros palestinos.
O acordo não aborda uma série de questões que têm sido pontos de discórdia nas rodadas anteriores de negociações de cessar-fogo em Gaza, deixando-as para discussões futuras, segundo dois funcionários de um país árabe mediador, que falaram ao New York Times sob condição de anonimato.
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As questões pendentes incluem um plano para a governança pós-guerra de Gaza e a exigência de longa data de Israel para que o Hamas se desarme. Essas autoridades disseram que, ao concordar, o Hamas depositou sua confiança nos Estados Unidos para garantir que Israel não reinicie a guerra.
Em negociações futuras, o Hamas ainda poderia obter concessões de Israel, possivelmente deixando-o com algum acesso a armas e um papel na Gaza pós-guerra.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, tem afirmado consistentemente que o Hamas deve ser desarmado antes que a guerra em Gaza possa terminar. O Hamas há muito considera isso equivalente a uma rendição e vê a luta armada como uma forma legítima de resistência contra o controle israelense sobre as terras palestinas.
— Temos um longo caminho pela frente — pontuou Mansour. — As questões restantes não são fáceis.
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