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Lula deve alertar Trump sobre risco de crise humanitária na Venezuela

10/10/2025 03:01 O Globo - Rio/Política RJ

A presença de embarcações militares americanas em águas internacionais do Caribe, próximas à Venezuela, poderá ser mencionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no encontro em preparação com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Segundo interlocutores do governo brasileiro, se o assunto surgir, Lula dirá a Trump que uma possível interferência direta dos EUA, com o objetivo de derrubar o regime do venezuelano Nicolás Maduro, causaria uma crise humanitária.
Os abates de embarcações venezuelanas pelos EUA, sob a justificativa de combate ao narcoterrorismo, agravaram o clima de tensão na região. Washington chama Maduro de “chefe de cartel”. Há mais de um mês, oito navios de guerra e um submarino nuclear estão posicionados no Caribe.
Caso o tema venha à tona, Lula deve enfatizar que o governo brasileiro não reconheceu o resultado da eleição venezuelana, uma vez que não foram apresentados documentos que comprovassem a vitória de Maduro. Um dos argumentos será que a preocupação do Brasil com a democracia no país vizinho é a mesma dos Estados Unidos.
As relações entre Brasil e Venezuela, no entanto, não foram rompidas. Um dos motivos é que não se considera aconselhável isolar Maduro, sobretudo porque o país vizinho compartilha mais de dois mil quilômetros de fronteira com o Brasil e mantém importantes interesses comerciais.
Na última quarta-feira, a Venezuela anunciou uma nova mobilização militar em duas regiões costeiras do norte, próximas ao principal aeroporto do país, em resposta às manobras ordenadas pelos EUA. Agentes venezuelanos também foram destacados para atuar em portos, alfândegas, unidades militares e instituições estratégicas.
Nas últimas semanas, os Estados Unidos mataram ao menos 21 supostos narcotraficantes em quatro ataques a embarcações. Desde o início das ações americanas, o governo venezuelano condena os ataques e denuncia as operações como uma “ameaça” destinada a promover uma “mudança de regime”.
Trump disse, no último domingo, que os ataques contra pequenas embarcações perto da costa venezuelana têm sido tão bem-sucedidos que "não há mais barcos" nessa área do Caribe.

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