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Juíza bloqueia envio da Guarda Nacional de Trump para Chicago por duas semanas

10/10/2025 01:27 O Globo - Rio/Política RJ

A juíza federal April M. Perry bloqueou por duas semanas as operações da Guarda Nacional em Chicago, nos EUA, contrariando uma determinação recente do presidente Donald Trump, que destacou 500 soldados para a cidade nesta quinta-feira. Na decisão, que atende a um pedido do próprio estado de Illinois, a magistrada afirma que "não encontrou nenhuma evidência confiável de um perigo de rebelião", como sustenta a Casa Branca para justificar o envio das tropas.
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O governo afirmou que as tropas são necessárias para proteger os agentes federais durante as batidas migratórias na localidade administrada pelos democrata, a qual Trump costuma se referir de forma exagerada como uma “zona de guerra”. Enquanto autoridades locais argumentaram que a polícia e as forças da ordem são perfeitamente suficientes, argumentando que Trump está provocando deliberadamente os protestos com o envio de sua Guarda.
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'Ele não é um rei'
Em sua decisão, Perry disse ter dúvidas sobre a confiabilidade do governo Trump e expressou sua preocupação de que a presença das tropas “apenas jogue mais lenha na fogueira”. A juíza ordenou a suspensão imediata do envio de tropas, válida até 23 de outubro, e rejeitou o argumento do governo de que Trump não pode ser questionado nesse tipo de assunto.
“Donald Trump não é um rei e seu governo não está acima da lei”, escreveu o governador de Illinois, J. B. Pritzker, em post no X.
Ao mesmo tempo, espera-se que um painel de três juízes de um tribunal de apelação em São Francisco decida se suspende o bloqueio temporário imposto por outro juiz a um envio semelhante em Portland, em Oregon, também governada pelos democratas.
Illinois e Oregon não são os primeiros apresentar contestação judicial contra o uso extraordinário da Guarda Nacional pelo governo republicano. A Califórnia, também governada pelos democratas, entrou com uma ação judicial depois que Trump enviou tropas para Los Angeles no início deste ano para reprimir as manifestações contra a ofensiva do governo contra os migrantes indocumentados.
Um juiz do tribunal distrital declarou isso ilegal, mas depois o envio foi confirmado por um tribunal de apelação.
Um jornalista da AFP visitou na quinta-feira uma instalação do Serviço de Imigração e Controle Alfandegário (ICE) em Broadview, um subúrbio de Chicago. Lá, ele observou alguns membros da Guarda Nacional e funcionários do ICE do outro lado da cerca.
Cerca de 15 manifestantes os xingaram, chamando os agentes de “traficantes de pessoas” e “nazistas”.
— Mostrem seus rostos, covardes! Suas mães têm orgulho de vocês? — gritaram eles.
O destacamento ordenado pelo governo em Chicago inclui 200 soldados da Guarda Nacional do Texas e 300 de Illinois, segundo informou o Comando Norte do Exército dos Estados Unidos. Os soldados foram mobilizados por um período inicial de 60 dias.
Lei de Insurreição
Trump disse esta semana que poderia invocar a Lei de Insurreição, que permite ao presidente mobilizar o exército dentro dos Estados Unidos para reprimir rebeliões, se os tribunais ou as autoridades locais continuarem “nos impedindo”.
Entenda: o que é a Lei da Insurreição, citada por Trump em meio a disputa com os estados sobre envio da Guarda Nacional
Em uma reunião de gabinete na quinta-feira, Trump reiterou suas afirmações de que o crime está fora de controle em Chicago e Portland.
— Lançamos uma campanha histórica para recuperar nossa nação das gangues e criminosos de rua, reincidentes violentos, infratores ilegais da lei de imigração, extremistas e cartéis selvagens e sedentos de sangue — declarou.
O republicano foi acusado por seus críticos de mostrar tendências autoritárias ao tentar cumprir sua promessa de campanha de deportar milhões de imigrantes indocumentados. As batidas realizadas por agentes federais armados e mascarados foram denunciadas por abusos e detenções ilegais.
Pritzker, considerado um possível candidato democrata à presidência em 2028, classificou Trump como “desequilibrado”.
— Ele é um ditador frustrado. E há algo que eu realmente quero dizer a Donald Trump: se você vier atrás do meu povo, terá que passar por mim. Então venha me procurar — declarou o governador na quarta-feira.

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