
Entorno de Lula vê Messias à frente por vaga de Barroso, em disputa que também tem Pacheco e Bruno Dantas como cotados
O ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, larga na frente, na avaliação do entorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para ficar com a vaga de Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal (STF). Já Rodrigo Pacheco (PSD-MG) tem apoio da cúpula do Senado e de alguns ministros da Corte, que devem tentar influenciar na escolha junto do petista. O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Bruno Dantas também está no páreo.
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Barroso leu na tarde desta quinta-feira, durante sessão na Corte, uma carta em que anunciou a antecipação da sua aposentadoria. Ele poderia ficar no posto até 2033. Com a decisão, Lula poderá, ao longo deste terceiro mandato, escolher três integrantes do Supremo. Anteriormente, no primeiro ano do governo, foram indicados Cristiano Zanin e Flávio Dino. Os dois são da estrita confiança do presidente, assim como Messias.
A expectativa no Palácio do Planalto é que a escolha seja rápida. Integrantes do governo dizem que será necessário organizar antes o apoio no Senado, que precisa aprovar o indicado pelo presidente.
Messias também era cotado para a vaga que acabou ficando com Dino, escolhido em novembro de 2023 em substituição a Rosa Weber. A avaliação no entorno do presidente foi que o advogado-geral da União reagiu mal ao fato de ser preterido.
Ao longo do ano passado, esse comportamento irritou Lula, e aliados chegaram a afirmar que Messias não teria possibilidade de ser escolhido para uma eventual outra vaga na Corte.
Porém, nos últimos meses, o advogado-geral da União reconquistou a boa relação com Lula. O ministro da AGU teve atuação na crise do INSS e também na contratação de escritório de advocacia nos Estados Unidos para contestar as tarifas impostas por Donald Trump.
O atual advogado-geral da União possui uma ligação antiga com o PT, mesmo não sendo filiado ao partido. No governo Dilma Rousseff, ele foi subchefe de assuntos jurídicos da Casa Civil. Seu nome tem apoio de ministros do Palácio do Planalto.
Além disso, Messias é evangélico da Igreja Batista, o que pode indicar uma sinalização de Lula a essa parcela da população, que, em geral, tem maior rejeição ao PT. O advogado-geral da União é o principal interlocutor do presidente com esse segmento e o representou na Marcha Para Jesus, realizada em junho em São Paulo, nos últimos três anos. Também tem bom trânsito político e relações com ministros do Supremo.
Interlocutores do Planalto ponderam, no entanto, que é necessário o aval do Senado e que haverá uma conversa com o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP).
Nesse cenário, surge com fôlego o nome do ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG), aliado de Alcolumbre e com bom trânsito na Casa. O ministro Gilmar Mendes também já defendeu publicamente a nomeação de Pacheco à Corte.
Aliados dizem que Lula gosta de Pacheco, assim como de Bruno Dantas. Uma hipótese seria indicar o ministro do TCU, que tem apoio de parte do MDB, para o Supremo e o senador para a sua vaga na Corte de Contas, contemplando os dois.
Interlocutores de Dantas ressaltam que ele mantém contato com Lula, mesmo após ter deixado a presidência do TCU e também apontam para algumas decisões dadas por ele no Tribunal consideradas decisivas para o governo, como a que liberou R$ 6 bilhões em recursos para o programa “Pé-de-meia”.
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