
Desafeto de Trump, procuradora-geral de Nova York, Letitia James, é indiciada por fraude após pressão do presidente
Um promotor escolhido a dedo pelo presidente Trump indiciou a procuradora-geral de Nova York, Letitia James, por fraude bancária na Virgínia nesta quinta-feira, depois que o presidente exigiu publicamente que ela fosse acusada, informou o New York Times. A investigação se concentrou em duas casas que ela possuía em Norfolk, na Virgínia, e no bairro nova-iorquino do Brooklyn. Um funcionário da área imobiliária do governo encaminhou o caso ao Departamento de Justiça, sugerindo que ela poderia ter falsificado registros relacionados a essas propriedades.
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Em resposta, Letitia disse que as acusações contra ela eram “infundadas”.
“As próprias declarações públicas do presidente deixam claro que seu único objetivo é a retaliação política a qualquer custo”, disse ela em comunicado a imprensa.
O indiciamento ocorre duas semanas depois que a promotora Lindsey Halligan incriminou James B. Comey, ex-diretor do FBI, sob a justificativa de que ele mentiu ao Congresso. Comey se declarou inocente na quarta-feira e acusou Lindsey de agir de forma vingativa e seletiva. Em ambos os casos, os promotores públicos que conduziram as investigações relataram que não havia provas suficientes para apresentá-las, e o antecessor de Lindsey se recusou a levar qualquer um dos casos ao grande júri.
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O caso, que está sendo julgado em Alexandria, na Virgínia, surgiu menos de três semanas depois que Trump demitiu o principal promotor federal da região, que havia informado aos superiores que não havia provas suficientes para justificar acusações criminais. Em seu lugar, o presidente nomeou Lindsey, uma assessora da Casa Branca sem experiência em promotoria. Ela então apresentou o caso de Letitia ao grande júri nesta quinta-feira, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto que falaram sob condição de anonimato.
Trump intensificou a campanha contra seus rivais nas últimas semanas, pressionando publicamente o Ministério Público dos Estados Unidos a processar Letitia e Comey. Ele postou nas redes sociais no mês passado que eles eram “culpados como o inferno”, declarando: “Não podemos mais adiar”.
Entenda o caso
Os esforços do governo Trump para acusar a procuradora-geral começaram em abril, quando o presidente a chamou publicamente de "vigarista". Um dia depois, o chefe da Agência Federal de Financiamento Imobiliário enviou uma carta de encaminhamento criminal ao Departamento de Justiça dizendo que Letitia “parece ter falsificado registros” relacionados a propriedades que ela possuía na Virgínia e em Nova York.
O advogado de Letitia, Abbe D. Lowell, disse que as acusações contra ela carecem de “qualquer fundamento legítimo”. Se comprou a casa em Norfolk, Virgínia, com uma sobrinha em 2023, e é proprietária da casa no Brooklyn há décadas.
Promotores federais de carreira, na Virgínia, encontraram poucas evidências que indicassem que ela tenha enganado bancos conscientemente ou sido desonesta em sua documentação de empréstimo, segundo fontes. Desde então, Lindsey assumiu o controle do caso e buscou apresentar acusações.
Letitia tem sido uma das principais oponentes do presidente desde 2018, quando concorreu ao cargo de procuradora-geral, tornando sua oposição a Trump um ponto-chave de sua plataforma de campanha. Ela abriu uma investigação contra ele logo após assumir o cargo e, em 2022, seu gabinete o acusou de inflar de forma fraudulenta o valor de seus ativos.
Após um julgamento que durou meses, Letitia obteve uma sentença civil contra Trump que, com juros, ascendeu a mais de US$ 500 milhões (R$ 2,7 bilhões). Em agosto, no entanto, um tribunal de apelação do estado de Nova York anulou a multa, alegando que ela violava a proibição constitucional de penalidades financeiras “excessivas”.
A decisão, no entanto, manteve a conclusão do tribunal de primeira instância de que Trump e outros superestimaram o valor dos ativos imobiliários de sua empresa para aumentar seu suposto patrimônio líquido e ajudar a empresa a obter melhores condições de empréstimos. O caso deve ser analisado pela Suprema Corte de Nova York.
Repercussão
O senador Chuck Schumer, líder da minoria democrata de Nova York, foi um dos primeiros a sair em defesa de Letitia. Os políticos de oposição a Trump alertam para "tirania" e "vingança" que estaria sendo praticada no país.
— É assim que se parece a tirania — definiu, acrescentando: — Isso não é justiça. É vingança. E deve horrorizar todos os americanos que acreditam que ninguém está acima da lei.
Já o senador Adam Schiff, democrata da Califórnia que Trump pressionou o Departamento de Justiça a investigar, disse que a acusação de que a procuradora-geral fazia parte de uma “campanha de perseguição vingativa” do presidente contra seus inimigos políticos.
— Nixon tinha sua lista d
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