
Censo 2022: 3,8 milhões se deslocam 'todo dia' para outra cidade para estudar; fenômeno cresce no Nordeste
Dados do Censo 2022 divulgados nesta quinta-feira pelo IBGE mostram que 3,8 milhões de estudantes se deslocam para fora do município onde moram para estudar e 75,3 mil, para um país estrangeiro. O deslocamento para outra cidade cresce conforme aumenta a renda familiar e evolui o nível de escolaridade, sendo os cursos superiores a categoria mais representativa do fenômeno (45%).
O levantamento apontou que 53,6 milhões de pessoas declararam frequentar alguma instituição de ensino em 2022. Nove em cada dez delas (92,7%) o faziam nos limites da cidade onde residiam — incluindo os que se mudaram em definitivo para estudar, contabilizados nesse local de destino. Os dados apuraram informações sobre o deslocamento cotidiano de pessoas para a frequência a colégios, escolas, creches, universidades, institutos técnicos, entre outros.
Quanto maior o rendimento domiciliar per capita, maior tendência de o estudante se matricular em unidade de outro município, mostra o Censo 2022. No grupo que recebia até 1/4 de salário mínimo, essa prática ocorria em 0,1% dos casos. Já nas faixas que recebiam a partir de dois salários mínimos, esse contingente superava os 14%.
Além disso, a busca pelo ensino fora de sua cidade cresce conforme os alunos vão ficando mais velhos. Na faixa até 17 anos, a proporção de estudantes matriculados em outro município não chegava a 5%, mas, de 18 a 24 anos, esse dado já era de 20,1%. O fenômeno se mantém nos anos adiante, com 19,5% entre os de 25 a 64 anos e 23,7% a partir dos 65.
As pessoas tendem a se deslocar para estudar em outro município conforme aumenta seu nível de escolaridade, aponta o Censo. Até o Ensino Médio, a proporção de estudantes fora de suas cidades não alcançava 10%, embora tenha chegado perto na alfabetização de jovens e adultos (9,4%). Nos cursos de graduação, o deslocamento intermunicipal era realidade para mais de um quarto dos estudantes (27,3%) e para quase um terço em cursos de especialização (31,8%).
— O deslocamento para estudar fora do município de residência está muito ligado ao nível de instrução superior. É a pessoa que procura graduação, mestrado, especialização. Isso é uma análise possível, mas também pode representar uma redução da oferta da educação dentro do município. Ainda assim, seria preciso analisar como cada estado se comporta nessa área, pois são diferentes fatores que justificariam. De forma geral, a gente vê que as pessoas conseguem concluir o Ensino Médio no município de residência, o que corresponde ao mandamento constitucional de democratização da educação básica. As redes conseguem atender, mas até chegar no nível superior — destaca Mauro Pinheiro, analista da pesquisa.
Por região
No Brasil, a proporção de pessoas que estudavam fora de seu município em 2022 ficou igual à de 2010 (7,3%). No entanto, o novo Censo mostra que, em doze anos, o quantitativo desse grupo saltou em todos os estados do Nordeste, enquanto caiu no Sudeste e no Sul e despencou no Distrito Federal. A Região Norte, por sua vez, registrou a maior diferença em relação à média nacional, com 4%.
Deslocamento para estudo fora do município de residência, por estado
Em termos absolutos, São Paulo lidera o ranking das cidades em que mais estudantes saem do município para ir até as instituições de ensino e depois voltar para casa — há mais de 90 mil deles nessa situação. Na sequência, vêm Rio de Janeiro, Santo André (SP), Osasco (SP) e Contagem (MG). Outras quatro cidades do estado de São Paulo compõem o top 20: Guarulhos, São Bernardo do Campo, Itaquaquecetuba e Diadema.
Nesse grupo, porém, se destacam com maior valor relativo os municípios de Parnamirim (RN) e São José de Ribamar (MA), que chegam à faixa de 30% de alunos que se deslocam para outro município.
Já entre as cidades com maior proporção de deslocamento para estudo, o destaque fica para Chuí (RS), com mais da metade dos alunos matriculados em instituições de ensino fora de seus limites. Em Santa Cruz de Minas (MG) e Bom Jesus do Norte (ES), esse número fica perto da metade e, em Bocaina de Minas (MG), supera os 40%. Por outro lado, em números totais, o contingente de estudantes nessa situação em cada uma dessas cidades não chega a 1.500.
Em Barra dos Coqueiros (SE), eles são quase 4,5 mil e cerca de 35% dos estudantes da cidade, mesma proporção identificada em Tremembé (SP), com mais de 4 mil alunos nessa situação.
— Interessante analisar que o caso de Chuí, em que mais da metade se desloca, muito ali para Chuí, no Uruguai. Isso mostra como as nossas cidades têm relacionamento importante nos países limítrofes e como as dinâmicas são diversificadas. Os dados relativos mostram o quanto isso pesa no contexto daquele município. Parnamirim, por exemplo, é um município muito ligado a Natal, e o Censo mostra o quanto a população precisa se deslocar para realizar seu estudo. Isso impõe desafios à gestão pública, mas também mostra essas características locais e regionais — ressalta Pinheiro.
O Censo 2022 apontou que a população de cor
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