 
        Zumbis, sangue e corpos decepados: qual o limite do terror nas decorações de Halloween?
Em uma recente noite de domingo, Melanie Parker levou seu filho de 2 anos ao bairro de Ditmas Park, no Brooklyn, para ver uma casa na região conhecida por suas elaboradas decorações de Halloween. A mulher, de 38 anos, cuidadora em tempo integral, que mora junto ao seu companheiro em Crown Heights, comenta sobre as preferências de seu filho na celebração anual. 
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— Ele adora imagens clássicas de Halloween: abóboras, bruxas, fantasmas, aranhas e esqueletos — disse. 
Segundo ela, a casa estava decorada com “um monte de sangue” e corpos desmembrados, como a cabeça de uma criança. Desde então, o filho dela não para de falar do “homem que quebrou a cabeça dele e das pessoas que se machucaram”.  
— Eles se mexiam, falavam, gesticulavam e faziam barulhos. As luzes realçavam as figuras e os ferimentos, de modo que pareciam mais reais. Meu filho ficou ao mesmo tempo fascinado e perturbado — afirma a mulher. 
Sentir um pouco de medo faz parte da diversão do Halloween. Mas, ultimamente, alguns dizem que os sustos de verdade estão por toda parte, nas varandas e jardins, pendurados em portas e telhados, já que as decorações domésticas parecem ter se tornado mais sangrentas, violentas e inquietantemente realistas. Isso levou vizinhos a fazer reclamações e outras pessoas a se perguntarem sobre os impulsos sombrios que talvez estejam escondidos no inconsciente coletivo americano. 
— Isso me incomoda porque acho que diz algo sobre o caráter da nossa cultura. Parece que o que está sendo valorizado é o mais chocante possível, e acho que precisamos impor a nós mesmos certos limites sobre o que exibimos, porque isso reflete nosso grau de consideração — comenta Regina Musicaro, psicóloga clínica licenciada em Nova York, especializada em trauma.  
A comemoração em números
A mudança sutil pode ter começado com Skelly, o esqueleto de 3,6 metros com olhos luminosos que a Home Depot lançou em 2020. Nos últimos anos, ele se tornou um item indispensável, mesmo custando 300 dólares. Neste ano, a varejista americana lançou novas decorações ainda mais assustadoras, como um cachorro esqueleto de 1,5 metro de altura.  
— O cachorro foi projetado para ser uma versão mais assustadora do Skelly Dog do ano passado, com base no retorno de clientes que acharam que ele não era assustador o suficiente. Como a definição de ‘assustador’ varia para cada pessoa, tentamos manter um equilíbrio — escreveu Aubrey Horowitz, responsável por produtos de decoração sazonal da Home Depot, em um e-mail.  
Tom Arnold, professor de finanças e especialista em varejo da Universidade de Richmond, afirmou que as decorações de Halloween ficaram mais realistas graças aos avanços tecnológicos e mais populares por causa da capacidade de produzi-las em massa a preços mais baixos. 
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O Halloween também se tornou um feriado de maiores gastos. Segundo a Federação Nacional do Varejo dos EUA, só com decorações o consumo deve chegar a US$ 4,2 bilhões este ano, ante US$ 1,6 bilhão em 2019, e mais voltado aos adultos. 
— Uma maneira de pensar nisso é: se uma loja dedica 100 metros quadrados às crianças, agora ela adiciona mais 50 metros para os adultos. Cada vez mais adultos estão entrando no espírito do Halloween — afirma Arnold. 
Quais são os deveres dos adultos?
Mas será que os adultos que participam da festa ainda têm a obrigação de manter as coisas adequadas para crianças? E há uma questão maior sobre responsabilidade social: cabe aos pais protegerem os filhos de coisas assustadoras, ou o bairro todo deveria colaborar? 
— Provavelmente é nossa responsabilidade garantir que nosso filho não veja coisas que possam assustá-lo. Sei que não tenho controle total, talvez nem parcial, sobre o que ele vê no mundo — disse Parker. 
Cabot Phillips, 31 anos, repórter de um podcast de notícias que segue um viés conservador e morador de um subúrbio em Nashville, Tennessee afirma que passou a andar duas quadras a mais para chegar ao parquinho com seu filho de 18 meses e evitar uma casa. 
— Há um bebê zumbi inflável de 1,2 metro, com sangue no rosto e veias assustadoras, que parece possuído. No começo, eu andava do lado do carrinho para que meu filho não visse, mas agora tomo outro caminho — conta Phillips. 
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Ele acha que a associação de moradores deveria discutir o assunto. 
— As pessoas do bairro podem decidir juntas o que é demais para elas — afirma. 
As reclamações não são relativas aos pequenos apenas
Nem todos os protestos são em nome das crianças. Adultos também relatam terem ficado abalados com as decorações em seus bairros, dizendo que se distraíram enquanto dirigiam ou se sentiram nervosos ao voltar para casa à noite
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