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Ceará teve aumento de 30,7% nas mortes em decorrência de intervenções policiais em 2024

31/10/2025 15:58 O Globo - Rio/Política RJ

As mortes em decorrência de intervenções policiais no Ceará em 2024 tiveram um aumento de 30,7% em relação ao ano anterior, de acordo com dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), divulgados em julho. Nesta sexta-feira, sete suspeitos de envolvimento com o Comando Vermelho (CV) foram mortos em uma ação da Polícia Militar cearense cidade de Canindé, no interior do estado.
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Em comparação com outros estados no mesmo quesito, o Ceará só ficou atrás de São Paulo (60,9%) e Minas Gerais (45,5%). Maranhão, Piauí, Espírito Santo, Paraná, Tocantins, Alagoas e Pará também registraram alta. Ao mesmo tempo, em 2024, em todo o país, houve uma redução de 3,1% nesse tipo de ocorrência, com 6.243 mortes, contra 6.413 no ano anterior. No Ceará, foram 189 mortes registradas nesse sentido no ano passado, contra 144 em 2023.
Número de mortes em intervenções policiais por estado
Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2025/Reprodução
Os sete mortos durante ação de PMs na madrugada desta sexta-feira eram ligados à facção carioca Comando Vermelho. O grupo entrou em confronto com os PMs quando se deslocava para tentar atacar rivais da organização criminosa Terceiro Comando Puro (TCP), também oriunda do Rio de Janeiro. As informações são do Diário do Nordeste.
Os policiais intervieram após o recebimento de informações que davam conta de que, em breve, haveria uma investida de homens do CV contra membros do TCP. Os agentes então se deslocaram aos bairros Campinas e Palestina, em Canindé, por volta das 3h.
No local, conforme o relato da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS), os suspeitos "efetuaram disparos em direção às viaturas e lançaram dois artefatos explosivos em via pública".
Havia cerca de 15 membros do CV no local e, parte deles conseguiu fugir pela mata, segundo o jornal O Povo. Sete chegaram a ser socorridos, mas não resistiram aos ferimentos e morreram. Do total de mortos, três possuem passagens por organização criminosa.
Governadores comemoram ação
Após a ação, Cláudio Castro (PL), governador do Rio, estado que promoveu uma ação contra a facção Comando Vermelho nesta semana com ao menos 121 mortes, se manifestou nas redes sociais, afirmando que essa é "uma guerra que não tem fronteiras".
A Delegacia de Canindé ficará responsável pela investigação. Na ação, foram apreendidas oito armas — um fuzil, quatro pistolas e três revólveres —, 150 munições e drogas. Os policiais militares, segundo a pasta da Segurança Pública, "receberam informações de inteligência sobre suspeitos que realizariam ações criminosas na região".
"Parabenizo os policiais do Ceará e o governador Elmano de Freitas (PT) pela coragem e determinação no enfrentamento ao crime organizado", escreveu Castro, em sua conta no Instagram. Na publicação, ele destacou ser preciso ainda de "união entre os estados" e mencionou que o Rio tem "agido com a mesma firmeza, colocando o Estado nas ruas, retomando territórios e enfrentando o narcoterrorismo".
O governador do Ceará, por sua vez, parabenizou seus policiais pela ação: "Nenhum policial morto. Nenhum inocente alvejado. A população protegida".
Expansão do CV no Ceará
O Ceará é um dos estados que sofrem com a expansão nacional do Comando Vermelho. Em junho deste ano, uma reportagem do blog Segredos do Crime mostrou dezenas de traficantes cearenses do CV fugindo em uma área de mata no alto da Favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, durante uma operação policial. De acordo com a investigação, os traficantes do Ceará pagavam R$ 100 mil por hospedagem na parte alta da favela, e a ação tinha como objetivo cumprir 29 mandados de prisão contra chefes da facção no estado, que estão escondidos na Rocinha há dois anos. No entanto, apenas uma pessoa foi presa.
Conforme levantamento do GLOBO, o CV é a facção de maior abrangência no país, estando presente presente em 26 estados — a exceção é o Rio Grande do Sul —, enquanto o Primeiro Comando da Capital (PCC) está em 25. Fundado no Rio de Janeiro no fim da década de 1970, o CV adotou um modelo mais flexível para se expandir, dizem pesquisadores.
Cada autoridade local tem autonomia para gerir o território da forma como bem entender. Unidos, eles formam a cúpula da hierarquia no CV. Com a expansão gradual das atividades para outros estados, o modelo se manteve, como se fossem “franquias”.

Disputa por facções cariocas
Outra facção interestadual do Rio que se expandiu para o Ceará foi o Terceiro Comando Puro (TCP), que, além de disputar territórios com o CV, como na operação deflagrada nesta sexta-feira, também possui suas próprias investidas. A organização criminosa chegou a transformar o vilarejo de Uiraponga, distrito de Morada Nova, no sertão do estado, em uma "cidade-fantasma", expulsand

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