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'Serial killer': vídeo de câmera corporal da PM e perícias contradizem depoimento de Ana Paula

14/10/2025 07:31 O Globo - Rio/Política RJ

Em depoimento à Polícia Civil, a universitária Ana Paula Veloso confessou a morte de seu senhorio Marcelo Hari Fonseca. O crime ocorreu em 26 de janeiro, mas a estudante de Direito dividiu a casa com o corpo por 5 dias até chamar uma patrulha da Polícia Militar. As câmeras corporais dos agentes que atenderam a ocorrência e o laudo necroscópico contradizem parte da versão dita pela mulher aos investigadores. O principal ponto é a negação, por parte dela, de ter usado veneno. A arma do crime seria uma faca, mas os peritos não encontraram sinais de violência no corpo da vítima.
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Para a Polícia Civil, não restam dúvidas: Ana Paula é uma serial killer (assassina em série) que matou quatro pessoas envenenadas entre janeiro e maio deste ano no Rio e em São Paulo. Marcelo Hari foi sua primeira vítima. Na delegacia, Ana Paula confessa o crime e explica que a motivação foi uma suposta ameaça de Marcelo ao seu filho e uma discussão após ele ter invadido o espaço que seria destinado a ela na casa. A universitária contou que enquanto ele estava sentado no sofá, de braços abertos, insultado, ela foi à cozinha e buscou uma faca grande. Depois, desferiu um único golpe na região abaixo da axila.
Câmera corporal da PM e perícia contradizem depoimento de Ana Paula
Apesar do crime ter acontecido na noite de 26 de janeiro, um domingo, a polícia só foi chamada — pela própria Ana Paula — no final da tarde de sexta-feira. Por causa do estado de putrefação do corpo, a perícia não conseguiu fazer exames complementares para saber se Marcelo havia se intoxicado com algo. No entanto, o laudo afirma que não há "sinais de lesões traumáticas nas vísceras da cavidade torácica".
"Examinamos um corpo em estado de morte real em fase gasosa da decomposição, não apresentando sinais ou evidências de trauma corporal. Com base no informe policial e achados de exames necroscópico, concluímos que a morte foi em consequência de causa indeterminada", conclui o médico legista.
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Os investigadores também questionaram Ana Paula se Marcelo sangrou após a facada que ela teria dado nele. Ela confirmou que sim, mais de uma vez, e negou que tenha limpado a cena do crime:
— Ela (a policial) viu que tinha (sangue). Não limpei nada. Ficou tudo lá. Tinha bastante sangue — disse Ana Paula.
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As câmeras da policial mostram, no entanto, que não havia marcas de sangue no chão ou no sofá. O laudo de local feito por policiais civis também mostra que o local estava sem sangue.
"Durante os Exames Perinecroscópicos não foram observados vestígios, sinais ou lesões que pudessem ser relacionadas com um fato violento (...) Não foram observados vestígios de violência, luta, contenção ou resistência nas imediações", dizem trechos do relatório do perito.
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A versão dada por Ana Paula também contradizem as imagens das câmeras corporais dos policiais militares que foram até a casa de Marcelo em Guarulhos naquela sexta-feira. A universitária diz que a policial que foi ao local e constatou a morte do senhorio já tinha a atendido em outra ocorrência, na qual o homem a teria ameaçado. No entanto, as imagens mostram Ana Paula narrando à militar o que teria acontecido aquele dia e o que os policiais na ocasião teriam dito a ela.
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Reprodução
As imagens disponibilizadas pela PM de São Paulo à Justiça contradiz Ana Paula em outro ponto. A mulher diz que logo que chegou a mesma policial disse: "esse homem aí já passou da hora, um homem ruim desses". No entanto, os 16 minutos de gravação mostram que o único momento que a PM se refere saber quem é Marcelo é quando diz que já esteve no local para "outras ocorrências".
A defesa de Ana Paula Veloso afirmou que, até o momento, não há "elementos robustos e definitivos que autorizem a conclusão sobre a sua participação".
"Ana Paula, como todo cidadão no Estado Democrático de Direito, está amparada pelo sagrado princípio constitucional da Presunção de Não Culpabilidade. Qualquer afirmação prematura sobre sua participação, autoria ou responsabilidade é uma violação direta deste princípio fundamental. Reconhecemos a gravidade dos fatos investigados e a comoção social que geram. Nesta fase, em que as provas ainda estão sendo formadas e examinadas, não é possível, e (seria temerário), afirmar ou negar categoricamente qualquer tese defensiva", diz nota assinada pelo advogado Almir da Silva Sobral.
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