
Percepção sobre a COP30 melhora no Brasil, mas sentimento negativo é o dobro do positivo no exterior, aponta Quaest
A percepção nacional positiva sobre a COP30 alcançou 21% das postagens nas redes sociais nos sete primeiros dias de outubro, uma alta em comparação com os 13% registrados entre julho e setembro. Por outro lado, o sentimento negativo no exterior supera o dobro do positivo a um mês do início do evento, como mostra uma pesquisa exclusiva feita pela Quaest. A partir deste sábado, numa parceria com O GLOBO, o instituto realizará levantamentos semanais que medirão o clima na arena digital no que diz respeito à conferência climática.
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Os dados mostram que, no início de outubro, o sentimento negativo chegou a 26% das menções no Brasil, contra 21% que foram positivas, e 53% neutras. No trimestre anterior, o levantamento da Quaest mostrava 37%, 13% e 50%, respectivamente. Os brasileiros concentraram 55% do total do debate digital sobre o evento no período.
Para Marina Siqueira, diretora de Sustentabilidade da Quaest, a melhora na recepção digital sobre a conferência pode ser explicada por dois eventos que geraram uma reação governista nas redes: a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Belém para a entrega de obras da conferência e a ligação do petista a presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na qual ocorreu o convite ao americano para estar na COP30.
— A discussão digital sobre a COP30 passa muito pelo contexto político. Enquanto governistas exploram a entrega de obras como uma pauta positiva, ainda ocorrem críticas à infraestrutura de Belém. A palavra vergonha também é muito utilizada. Há também a preocupação com os gastos brasileiros para a realização da conferência — analisa Siqueira.
Volume geral por temas no Brasil
Quaest
Os principais temas presentes nas postagens críticas ao evento no âmbito brasileiro foram os custos elevados para o evento, o ritmo de colapso na saúde, problemas sanitários de Belém e o dilema dos impactos ambientais presentes nas obras para a conferência. Já os posts positivos exploram o término das instalações da COP30, as obras de saneamento na capital paraense, o convite de Lula à Trump e a aprovação do Senado para transferir simbolicamente a capital do Brasil para Belém.
Já no campo internacional, o debate é dominado por grupos ambientalistas ou veículos especializados na cobertura climática, que destacam uma organização “confusa” do evento que dificulta a participação e temem que o cenário atrapalhe as negociações pela proteção da natureza. Além disso, estão presentes queixas à infraestrutura da capital paraense.
Nos sete primeiros dias de outubro, apenas 17% das postagens eram positivas, contra 37% negativas e 45% neutras. Os Estados Unidos registraram 10% das menções, enquanto a Espanha somou 6% e o Reino Unido e a Colômbia apareceram com 4%.
— Nos Estados Unidos, observamos um temor com uma possível falta de resultados positivos na COP30 para garantir a preservação ambiental. Já o Reino Unido e Espanha tratam sobre a Agenda 2030 e a importância do evento. A Colômbia, por sua vez, ressalta a importância da Amazônia e da América Latina para trazer soluções viáveis no caminho para a sustentabilidade — afirma Siqueira.
As postagens negativas no âmbito internacional destacam os preços das hospedagens, a logística e o valor do transporte até Belém e a abordagem quanto a combustíveis fósseis. As positivas, por sua vez, destacam a justiça climática, a crise no clima — com perspectiva de buscar negociações e soluções, a Agenda 2030, a transição energética e a descarbonização.
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