BNDES investe na preservação e economia sustentável dos oceanos

O oceano é um centro agregador de diferentes agendas, em especial a de defesa, a econômica e a ambiental. A primeira é essencial para garantia da soberania do país, a segunda é responsável pela geração de milhões de empregos e a terceira é fundamental para as outras duas e para garantir o futuro das novas gerações.
A área marinha sob controle brasileiro alcança 5,7 milhões de quilômetros quadrados, equivalente a dois terços do território continental do país. De acordo com uma estimativa da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), 19% do Produto Interno Bruto (PIB) e 25% dos empregos do Brasil têm origem no mar. Preservar esses recursos e recuperar áreas já degradadas, especialmente os corais, são, portanto, ações de alto valor estratégico.
É nesse contexto que o BNDES, por meio do programa BNDES Azul, apoia uma série de ações. O compromisso de investimento direto da instituição na iniciativa chega a aproximadamente R$ 184 milhões, que alavancaram mais R$ 152 milhões, totalizando mais de R$ 300 milhões em recursos não reembolsáveis no primeiro ano da ação.
— O BNDES Azul representa um marco na integração entre desenvolvimento econômico e sustentabilidade ambiental. Ao fomentar projetos voltados à economia oceânica e à preservação dos ecossistemas aquáticos, o banco reafirma seu compromisso com um modelo de crescimento que alia inovação, inclusão e respeito aos limites do planeta — destacou o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.
Como explica Nabil Kadri, superintendente da área de Meio Ambiente do BNDES, a iniciativa, que completou seu primeiro ano recentemente, mantém o foco na conservação e na restauração de ecossistemas marinhos e na inclusão socioprodutiva das comunidades tradicionais, com apoio da ciência.
— O BNDES Azul tem uma orientação espacial, ou seja, abriga diversas ações setoriais. Essa orientação faz com que o banco se articule transversalmente e tenha uma visão integrada do espaço marinho.
Aloizio Mercadante, presidente do BNDES
Marco Sobral/G.Lab
O BNDES Azul representa um marco na integração entre desenvolvimento econômico e sustentabilidade ambiental. Ao fomentar projetos voltados à economia oceânica e à preservação dos ecossistemas aquáticos, o banco reafirma seu compromisso com um modelo de crescimento que alia inovação, inclusão e respeito aos limites do planeta”
Apoio ao PEM
Uma das principais frentes de atuação do programa é o Planejamento Espacial Marinho (PEM), que vem realizando o mapeamento de atividades humanas em áreas marinhas para alcançar objetivos ecológicos, econômicos e sociais.
Liderada pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), pela Marinha do Brasil e outros parceiros, trata-se de uma ação decorrente do compromisso assumido pelo Brasil em 2017, durante a primeira Conferência da ONU sobre o Oceano. A proposta é adotar, até 2030, uma política pública capaz de garantir o desenvolvimento sustentável dos mares brasileiros, como explica o contra-almirante Ricardo Jaques Ferreira, secretário da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar.
— Os principais objetivos do PEM incluem a promoção do uso sustentável dos recursos marinhos, garantindo que atividades econômicas sejam realizadas sem comprometer a saúde dos ecossistemas locais. É importante reduzir os conflitos entre usos do mar, harmonizando os interesses de diferentes setores que utilizam o espaço.
A dimensão da área marítima brasileira, muitas vezes chamada de “Amazônia Azul”, motivou a organização do plano com base em quatro regiões distintas: Sul, Nordeste, Sudeste e Norte. Cada uma dessas áreas conta com um executor próprio, que tem como objetivo aprovar um Plano de Gestão Espacial Marinho. No Sul e no Sudeste, a contratação dos responsáveis pelo mapeamento já foi realizada pelo BNDES, que também definiu o executor responsável pelo Norte. Já o responsável pelo mapeamento na região Nordeste ficará a cargo do MMA.
A participação do banco como financiador dos estudos para implementação do PEM advém do caráter sustentável da política pública, aponta o secretário.
— A iniciativa BNDES Azul é exemplo emblemático de sinergia, conectando conhecimento técnico, sensibilidade ambiental e compromisso com o futuro. É símbolo de um Brasil que compreende o mar como um ativo nacional e se empenha, de forma responsável e colaborativa, em sua conservação e aproveitamento — analisa o militar.
Corais e ilhas
Além do apoio ao PEM, o BNDES Azul abriu uma seleção permanente de projetos de recuperação e conservação de corais.
— A Chamada "BNDES Corais" tem como objetivos o apoio à recuperação e à conservação desses ecossistemas; à inclusão socioprodutiva por meio do turismo de base comunitária; à liderança feminina; e aos estudos para resiliência desses ecossistemas. Os ambientes coralíneos são essenciais para proteger a costa, garantir biomassa para a pesca artesanal, fomentar o turismo de base comunitária e preservar a biodiversidade com base científica — explica Tereza Campello, diretora Socioambiental

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