MPSP pede investigação de dentista que realizou procedimento em influenciador, morto meses depois

O Ministério Público de São Paulo pediu uma investigação do dentista Fernando Simionato Garbi, responsável por um procedimento estético em Aldair Mendes Dutra Junior, que morreu semanas após intervenções feitas pelo profissional. O influenciador, que tinha 31 anos, morreu depois de ter complicações devido ao procedimento chamado "fox eyes" ("olhos de raposa", em tradução livre), mudança que pode ser alcançada com diferentes técnicas, como a que usa fios de polidioxanona (PDO), que são adicionados no supercílio de forma não cirúrgica.
Junior Dutra: quem era o influenciador que morreu aos 31 anos após procedimento estético?
'Fox eyes': como é feito o procedimento estético que causou a morte do influenciador Junior Dutra
Em seguida, porém, ele apresentou complicações que evoluíram para uma infecção, com o influenciador relatando, nos meses seguintes, que vinha enfrentando problemas de saúde em decorrência desses problemas.
Em publicações nas suas redes sociais, Garbi explicou que Junior era seu paciente há cerca de quatro anos, período em que o dentista realizou procedimentos como botox e preenchimentos. A última sessão, usando fios de polidioxanona, ocorreu em 28 de março.
"Ocorreu tudo bem. [...] Depois disso ele tomou as medicações e mantivemos contato. [...] Vi que ele tem fotos em locais públicos, em festas. Então, o rosto dele estava perfeito. E a gente começou novos tratamentos no dia 8 de agosto. Quando ele voltou, ele relatou que tinha passado um término de relacionamento, que estava emocionalmente abalado, mas também estava tomando testosterona, estava tomando Roacutan, GH [Growth Hormone], tinha feito um procedimento acho que no bumbum e ia fazer um procedimento íntimo", afirmou Garbi.
Junior Dutra teria morrido em decorrência de complicações após uma intervenção estética
Reprodução Instagram
Garbi contou que fez uma avaliação nesse dia 8 e solicitou exames, mesmo, segundo ele, com Junior estando com o rosto "normal". O dentista afirma que o paciente voltou no dia 13, sem os resultados dos exames, mas ainda sem sinais de infecção. O mesmo ocorreria no dia 15, data na qual Garbi pediu para que ele fizesse um "check-up".
"Depois a gente teve ainda mais alguns retornos, para vocês verem que eu acompanhei ele, dia 19 de agosto, dia 22 de agosto e, o último, no dia 23 de setembro. Não me trouxe em nenhum desses momentos exame de sangue, a gente conversava, eu via a avaliação do rosto dele, estava normal. Tenho foto da gente juntos, do rosto dele", contou.
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A decisão do MP decorre de ofício emitido na segunda-feira pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp-SP), que destacou "que a cirurgia “fox eyes” (olhos de raposa), a qual Aldair foi submetido, destina-se a modificar a posição do canto lateral da pálpebra, deixando-o mais elevado, sendo, portanto, um procedimento invasivo, realizado em área do corpo humano que não está compreendida na competência de odontologistas".
"Cabe ressaltar que, embora a causa do óbito não tenha sido divulgada, há grande probabilidade de que seja em decorrência da intervenção, uma vez que o paciente, antes de falecer, relatou estar enfrentando complicações, como dor e inflamação no rosto", publicou o Cremesp.
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O Cremesp pediu, ao MPSP, "providências urgentes", como a interdição da clínica odontológica de Garbi, e, ao Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (Crosp), a "imediata suspensão cautelar do registro do dentista, uma vez que sua atuação pode representar sérios riscos à saúde pública".
Como é feito o 'fox eyes'?
Outra técnica muito utilizada é a cirúrgica, na qual se eleva a região da "cauda" da sobrancelha por meio de pequenas incisões no couro cabeludo ou na pálpebra inferior. Além disso, também é possível alongar o olhar com micropreenchimentos com ácido hialurônico e aplicações de toxina botulínica (botox).
Riscos do procedimento
Dentre os riscos associados ao procedimento, estão:
Resultado assimétrico no rosto;
Lesões no glóbulo ocular que podem levar à síndrome do olho seco;
Lesão do nervo frontal (responsável pelos movimentos do supercílio);
Fraqueza muscular local; e
Infecção.
O aconselhado é procurar um profissional habilitado para realizar o procedimento.

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