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Milton Leite registra queixa de racismo contra advogados do Jockey após ser chamado de 'antropoide desvairado'

13/10/2025 22:01 O Globo - Rio/Política RJ

O ex-presidente da Câmara Municipal de São Paulo , Milton Leite (União Brasil), registrou uma queixa de racismo contra os advogados do Jockey Club da cidade. Uma das peças do processo de recuperação judicial do Jockey, aberto em março, à qual o GLOBO teve acesso, traz um trecho que se refere a ele como um “antropoide desvairado” — termo que designaria uma subordem de primatas.
Leite, que acumula uma série de atritos com a instituição, afirmou que pretende levar o caso "até as últimas consequências" para responsabilizar criminalmente os autores do documento.
— Vamos fazer cumprir a lei em homenagem à comunidade negra e extinguir da sociedade esse tipo de pensamento — disse ao GLOBO — Vejo poucas chances de não serem incriminados judicialmente. Fizeram isso no alto de um processo, por escrito. Nos resta entender esse comportamento incrustado na sociedade, e vamos até as últimas consequências. As medidas políticas serão duras contra eles — completou.
O documento questionado pelo ex-vereador foi elaborado pelos advogados Vicente Renato Paolillo, José Mauro Marques, João Boyadjian e Hoanes Koutoudjian. Procurado, o Jockey Club não comentou até o fechamento desse texto. Procurados, os advogados ainda não retornaram ao GLOBO, mas o espaço está aberto.
Antigo reduto da elite paulistana, o Jockey Club acumula dívidas e enfrenta o risco de desapropriação. A instituição tem uma relação conturbada com o Legislativo paulistano, que se agravou durante a gestão de Leite na presidência da Câmara, quando foram aprovadas leis que colocaram em xeque o funcionamento do espaço, como a que proibiu corridas de cavalo na cidade.
— Proprietários de cavalo, tirem os seus cavalos de lá, porque serão presos. É bom que o Jockey Club e outros comecem a preparar outro destino, outro endereço, porque aquilo é da prefeitura — disse Leite, em 2024, quando o projeto foi aprovado. Foi esta declaração que rendeu a citação supostamente preconceituosa no processo de recuperação judicial.
Embora a principal justificativa do poder público para intervir no espaço seja a defesa dos animais, há também disputa imobiliária em curso, já que a Prefeitura de São Paulo manifesta interesse em transformar a área às margens da Marginal Pinheiros em um parque público.
Em dezembro de 2022, Leite protocolou um projeto de lei que previa a transformação do terreno de 600 mil metros quadrados em um parque. A proposta foi aprovada em primeira votação de forma acelerada, mas nunca voltou ao plenário. Mesmo assim, uma articulação do próprio vereador garantiu a inclusão do Jockey entre os parques previstos na revisão do Plano Diretor.
O Jockey Club tenta se recuperar judicialmente desde o ano passado. Em setembro desse ano, a Justiça suspendeu por 180 dias as cobranças e execuções de dívidas contra a agremiação, que frequentemente é alvo de ações de fornecedores por falta de pagamento dos serviços prestados. Além disso, o clube tem 60 dias para apresentar o seu plano de recuperação judicial, conforme determinado pela decisão judicial.

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