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Mãe de motorista baleado na cabeça em Belford Roxo diz que filho já havia sido alvejado no Natal: 'Achei que aquele tiro fosse um aviso'

26/10/2025 14:45 O Globo - Rio/Política RJ

"Eu nunca imaginava que algo assim fosse acontecer na minha família". O desabafo é de Simone Madureira, mãe de Yago Madureira Vicente, de 28 anos, motorista de aplicativo baleado na cabeça durante um tiroteio em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, na madrugara de sábado. O jovem segue internado em estado gravíssimo no Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias.
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Segundo a mãe, Yago trabalhava há três anos com transporte por aplicativo e costumava rodar de madrugada. Antes, ele havia trabalhado na Força Aérea Brasileira (FAB), mas precisou sair por não ser concursado: — Ele gostava muito de dirigir à noite. Era um menino querido, responsável, muito trabalhador — contou.
Essa não foi a primeira vez que o motorista viveu momentos de terror. No último Natal, ele foi alvejado durante uma tentativa de assalto na Estrada do Quintungo, em Irajá, na Zona Norte do Rio. — Os bandidos mandaram ele sair do carro e entregar a chave. Ele se assustou, acelerou e eles atiraram. A bala perfurou a lataria atrás do carro. Eu disse pra ele que aquilo era um aviso, mas ele não quis parar de trabalhar — relembra Simone.
Carro do motorista de app Yago Madureira, de 28 anos, baleado na cabeça
Divulgação
Há quatro meses, Yago também escapou de outro ataque: — Os bandidos colocaram uma arma dentro do carro, ele deu ré e conseguiu fugir — conta a mãe.
Na noite de terça-feira (22), o motorista saiu de casa por volta das 21h, em Irajá, dizendo que voltaria para assistir ao jogo do Flamengo. Depois da partida, ele saiu para rodar pelo aplicativo. O último trajeto foi de Nova Iguaçu para Belford Roxo. — Quando deu 23h40, eu pedi pra ele não ir. Mas ele foi mesmo assim. Nessa hora meu coração apertou — diz Simone.
Por volta de 1h da manhã, Yago foi atingido por um disparo na cabeça próximo à comunidade Castelar. Segundo familiares, o carro dele ficou no meio de um confronto armado. O motorista chegou a colidir o veículo em um poste ao tentar manobrar, e o passageiro, que desmaiou com o impacto, conseguiu pedir ajuda após recobrar a consciência.
De acordo com informações da Secretaria Municipal de Saúde de Duque de Caxias, Yago deu entrada no Hospital Adão Pereira Nunes às 4h48 do dia 23, transferido de Belford Roxo, com ferimento por projétil de arma de fogo na cabeça. Após exames de imagem, foi constatado edema cerebral. Ele permanece entubado no Centro de Tratamento Intensivo (CTI), sem indicação de cirurgia.
— Meu filho está lutando pela vida dele. Me agarro à fé todos os dias, pedindo para Deus não levar ele embora — desabafa a mãe.
O caso é investigado pela 54DP (Belford Roxo).

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