Trump anuncia acordos na Ásia antes de encontro com Xi, e secretário diz que China voltará a comprar soja americana
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma série de acordos comerciais durante seu primeiro dia na Ásia, buscando garantir acesso a minerais críticos e ampliar o mercado para produtos agrícolas americanos antes de uma reunião crucial com o presidente chinês Xi Jinping.
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Representantes dos governos da China e dos EUA tiveram o segundo dia de conversas hoje na Malásia, entre eles o vice-premiê chinês He Lifeng e o secretário americano do Tesouro, Scott Bessent, que demonstrou otimismo em relação a uma negociação entre as duas maiores economias do mundo. Ele afirmou que a China concordou em voltar a comprar soja americana.
—Minha mensagem às nações do Sudeste Asiático é que os Estados Unidos estão com vocês 100% e pretendem ser um parceiro e amigo forte por muitas gerações — disse Trump na reunião da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) em Kuala Lumpur, da qual participa como convidado, assim como o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.
O presidente americano ofereceu isenções de seu regime de tarifas recíprocas sobre exportações importantes da Tailândia, Camboja, Vietnã e Malásia como parte dos acordos.
Ele também se mostrou otimista, durante um encontro com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, de que os dois países poderiam facilmente firmar um acordo comercial — à medida que o Brasil busca reduzir a tarifa de 50% aplicada a muitos de seus produtos.
A Casa Branca espera que os acordos comerciais estruturais — que devem entrar em vigor nas próximas semanas — reforcem a posição de Trump antes de sua reunião com Xi no fim desta semana, na Coreia do Sul. Antes da cúpula, Pequim suspendeu as compras de soja e anunciou novas restrições à exportação de minerais críticos, provocando a ira de Trump com a ameaça à economia dos EUA representada pelas medidas.
A China impôs tarifas retaliatórias sobre produtos agrícolas americanos em março, fechando efetivamente o mercado para a soja dos EUA antes mesmo do início da colheita. No ano passado, o país asiático comprou US$ 13 bilhões em soja americana — mais de 20% de toda a safra — usada na produção de ração animal e óleo de cozinha. Neste ano, pela primeira vez desde 2018, a China deixou de importar soja dos Estados Unidos em um mês de setembro.
'Compras substanciais' de soja
Um trabalhador despeja soja importada do Brasil em uma empresa de processamento em Binzhou, na província de Shandong, leste da China
Getty Images via AFP
No mês passado, não houve um registro sequer de compras do grão cultivado em terras americanas, reflexo do tarifaço de Trump. A suspensão das encomendas de soja americana abalou os agricultores rurais, que compõem uma base política de Trump nos EUA. Os problemas políticos de Trump se aprofundaram nas últimas semanas, quando a China assinou uma carta de intenção para comprar US$ 900 milhões em soja, milho e óleo vegetal da Argentina, justamente quando o presidente americano oferecia ao governo sul-americano uma ajuda de US$ 40 bilhões.
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Hoje, após conversas com autoridades chinesas, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou que a China fará “compras substanciais” de soja americana, um sinal de que as relações entre os dois países estão se aquecendo antes da esperada reunião entre os líderes das duas maiores economias no mundo.
Comunicado do Ministério do Comércio da China, informou apenas que um consenso inicial foi alcançado sobre diversas questões bilaterais, incluindo agricultura.
Se confirmada por Pequim, a promessa de aumentar as compras de suprimentos americanos traria alívio significativo aos agricultores dos EUA, que enfrentam dificuldades financeiras depois que a China — seu principal comprador — se afastou.
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O presidente americano tem afirmado repetidamente que pressionaria Pequim a retomar as compras de soja dos EUA.O governo chinês tem usado as importações do grão como uma importante moeda de troca ao longo de sua disputa comercial com Washington, fortalecendo sua posição de barganha na rodada mais recente de negociações.
Bessent acrescentou ainda que os dois lados discutiram compras agrícolas, a questão envolvendo a venda do TikTok nos EUA, o problema do fentanil, comércio, terras-raras e o relacionamento bilateral em geral. Ele descreveu as conversas como “construtivas, amplas e aprofundadas”, acrescentando que elas dão às duas nações “a capacidade de avançar e preparar o terreno para a reunião dos líderes dentro de um quadro muito positivo.”
Terras-raras
Terras-raras são um grupo de mais de uma dúzia de metais usados em setores de alta tecnologia, como energia verde, eletrônicos e aero
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