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Um roteiro de tirar o fôlego em La Paz, na Bolívia

16/10/2025 06:01 O Globo - Rio/Política RJ

A primeira impressão que La Paz causa a quem chega de fora é de uma cidade de tirar o fôlego — literalmente. Isso antes mesmo de o visitante percorrer ruas coloniais, explorar sua vibrante periferia ou se desafiar em caminhadas aos pés de montanhas a cinco mil metros de altitude. Apenas respirar (ou tentar) em pleno Altiplano Boliviano é um desafio e tanto, mas a recompensa está à altura.
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Localizada a 3.600 metros de altitude, La Paz é a capital de fato da Bolívia — a constitucional é Sucre, sede do Poder Judiciário, a 550km de distância — e porta de entrada ideal para viajar por este país, que em breve ficará um pouco mais perto para os cariocas. A partir de 7 de novembro a companhia aérea Boliviana de Aviación (BoA) começará a operar seu voo direto entre Rio e Santa Cruz de la Sierra duas vezes por semana, assim como já faz saindo de Guarulhos, em frequências diárias.
Bruxas na cidade velha
Um passeio por La Paz começa em seu centro histórico, cujo marco zero é a imponente Basílica de São Francisco. A igreja atual, que chama atenção por sua fachada no estilo barroco mestiço (com elementos europeus e indígenas), foi erguida em meados do século XVIII no mesmo local que abrigava a primeira construção espanhola da região, uma capela franciscana datada de 1549.
Atrás da igreja, a antiga vila colonial de Nuestra Señora de La Paz ainda sobrevive num emaranhado urbano cheio de comércio popular. É por ali, especialmente nas ruas Santa Cruz, Linares e Jimenez, que se contra o Mercado de las Brujas, um conjunto de lojinhas e bancas de rua onde se vendem os itens da cesta básica do misticismo popular boliviano. De ervas a fetos de lhama, passando por torrões de açúcar coloridos e belas peças de artesanato, há de tudo para se curar todo tipo de mal e atrair todo tipo de sorte. A região, especialmente a Calle Linares, também é repleta de restaurantes, lojas de suvenires e agências oferecendo passeios.
A Calle Jaén, no centro de La Paz, é uma das ruas mais antigas da cidade boliviana
Eduardo Maia/O Globo
É possível passar boa parte do dia explorando o centro de La Paz a pé. Em parte da avenida principal fica El Prado, um calçadão entre as pistas, com jardins e bancos para sentar e recuperar o fôlego. Na Plaza Murillo, apreciadores de pombos passam horas alimentando os animais em frente ao Palácio Quemado, a sede do governo nacional. E na estreita e charmosa Calle Jaén, há ateliês e museus.
Teleféricos em 11 linhas
Parte da trilha sonora do centro de La Paz vem das buzinas dos incontáveis micro-ônibus e vans que compõem o caótico sistema de transporte público da cidade. Em oposição à confusão terrestre, os teleféricos que cruzam o céu são silenciosos e organizados. Inaugurada em 2014, a rede com 11 linhas que conecta La Paz à vizinha El Alto, um antigo distrito que se emancipou nos anos 1980 e hoje tem uma população ainda maior que a da capital. Embarcar nas gôndolas, por si só, é um ótimo programa turístico. Mas para explorar melhor El Alto, o mais recomendável é contratar passeios guiados, seja em agências locais ou em plataformas on-line, como a Civitatis.
Moradora de El Alto passa em frente a um dos muitos cholets, os prédios típicos desta cidade nos arredores de La Paz, na Bolívia
Eduardo Maia/O Globo
Formado principalmente pela classe trabalhadora e por migrantes da zona rural, e endereço do aeroporto internacional que serve La Paz, a 4.0.60 metros acima do nível do mar, El Alto é o berço de dois atrativos surpreendentes. O primeiro são os cholets, prédios extravagantes, supercoloridos e, por vezes, decorados com elementos da cultura pop, que contrastam com as fachadas de tijolos aparentes que dominam a paisagem da cidade. O nome é uma mistura das palavras “cholo”, antigo termo pejorativo para se referir a indígenas, e “chalé”. Uma combinação improvável que deu origem a um estilo arquitetônico que reflete a ascensão econômica de uma nova elite boliviana.
Outra atração inusitada que nasceu na cidade é a luta livre das cholitas, como são chamadas as mulheres de origem indígena, tão comuns em todo o Altiplano. Até é possível assistir apresentações de lucha libre em La Paz, mas as Cholitas Luchadoras originais estão em El Alto, e se apresentam de três a quatro vezes por semana. O espetáculo dura cerca de três horas, e tem de tudo: lutas encenadas entre as camponesas usando suas roupas típicas, discussões acaloradas, piruetas, adrenalina, humor, interação com o público e muita música. É “pega-turista”? Claro. Mas dos bons.
História e natureza
A Laguna Esmeralda, destaque da trilha pela montanha Nevado Charquini, a pouco mais de cinco mil metros de altitude, nos arredores de La Paz, na Bolívia
Eduardo Maia/O Globo
La Paz também é ponto de partida para uma viagem no tempo. Mais precisamente para o período entre 400 e 900 depois de Cristo, quando a região vi

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