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Em caso raro, cientistas investigam encalhe de 26 orcas na Argentina

16/10/2025 09:04 O Globo - Rio/Política RJ

Um cenário inédito e preocupante tomou conta da Baía de San Sebastián, no extremo sul da Argentina, onde dezenas de orcas foram encontradas mortas nesta semana. O caso, que vem sendo investigado por cientistas do Conselho Nacional de Pesquisa Científica e Técnica (Conicet) e do Centro Austral de Investigação Científica (Cadic), representa o primeiro registro de encalhe em massa de orcas do chamado ecótipo D na costa atlântica da província da Terra do Fogo.
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As orcas do ecótipo D são conhecidas por suas características marcantes, como a cabeça arredondada, os pequenos “tapa-olhos” e as nadadeiras dorsais curvadas para trás. “Monitoramos a baía e toda a costa atlântica da Terra do Fogo há mais de dez anos e nunca registramos tantos animais encalhados antes”, afirmou Mónica Torres, porta-voz do Conicet. Segundo ela, a equipe foi alertada inicialmente sobre dois corpos encontrados na região, mas a busca revelou mais 24 carcaças espalhadas por áreas de difícil acesso.
De acordo com o The Sun, os primeiros exames não indicaram ferimentos ou traumas externos, o que afastou hipóteses de colisões com embarcações ou de aprisionamento em redes de pesca. “Externamente, não vimos nenhum ferimento ou marca grave”, explicou Torres, acrescentando que as necropsias incluirão a análise de órgãos e tecidos internos para tentar identificar a causa da morte. O estado de decomposição dos corpos indica que todos os animais podem ter sido levados à praia ao mesmo tempo, reforçando a suspeita de um evento coletivo e súbito.
A geografia da Baía de San Sebastián pode ter contribuído para o episódio. O local possui um declive suave e uma variação de maré de até 17 metros — condições que, segundo os pesquisadores, podem prender os animais em águas rasas caso não estejam familiarizados com a área. “Talvez os animais que entram na maré alta fiquem presos quando a maré baixa rapidamente”, disse Torres.
Apesar da hipótese ambiental, os especialistas não descartam causas biológicas, como doenças ou intoxicações. “Às vezes é muito difícil determinar a causa com cetáceos. É preciso encontrar os animais muito frescos para avaliar lesões internas ou patologias”, acrescentou a porta-voz. O Conicet informou que equipes continuam trabalhando 24 horas por dia para reunir o máximo de informações e pediu à população que mantenha os corpos intactos até a conclusão dos estudos.
De acordo com os pesquisadores, um episódio dessa magnitude foi documentado apenas duas vezes antes — uma na Nova Zelândia, em 1955, e outra no Estreito de Magalhães, no Chile, em 2020. “Este é apenas o terceiro encalhe de orcas do ecótipo D registrado no mundo”, reforçou Torres. “É algo extremamente incomum — e que pode nos ensinar muito sobre a vulnerabilidade dessas populações pouco conhecidas.”

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