Logo
Tudo que você precisa saber sobre as eleições em um só lugar

'Serial killer': defesa de alega que 'não há elementos robustos' sobre a participação de universitária, que confessou dois assassinatos

13/10/2025 22:08 O Globo - Rio/Política RJ

A defesa da universitária Ana Paula Veloso, de 36 anos, acusada de ser uma "serial killer" por matar quatro pessoas envenenadas no Rio e São Paulo afirmou que, até o momento, não há até o momento "elementos robustos e definitivos que autorizem a conclusão sobre a sua participação". Apesar disso, a estudante de Direito confessou à polícia o assassinato de duas pessoas. Na primeira morte, ela afirmou ter ficado com o filho e sobrinha na mesma casa que a vítima por cinco dias, até chamar a polícia devido ao forte cheiro causado pela decomposição avançada do corpo.
Após tomar milk shake: Universitária carioca suspeita de ser serial killer é investigada por morte de tunisiano
Morte por feijoada: suspeita responde no Rio por atear fogo na casa do ex-marido e vender um imóvel dele sem autorização
"Ana Paula, como todo cidadão no Estado Democrático de Direito, está amparada pelo sagrado princípio constitucional da Presunção de Não Culpabilidade. Qualquer afirmação prematura sobre sua participação, autoria ou responsabilidade é uma violação direta deste princípio fundamental. Reconhecemos a gravidade dos fatos investigados e a comoção social que geram. Nesta fase, em que as provas ainda estão sendo formadas e examinadas, não é possível, e (seria temerário), afirmar ou negar categoricamente qualquer tese defensiva", diz nota assinada pelo advogado Almir da Silva Sobral.
'Serial killer' conta que só chamou polícia após filho reclamar do cheiro
Ana Paula fazia questão de ficar nas cenas dos crimes
Na manhã de 11 de abril de 2025, Maria Aparecida Rodrigues não respondeu às mensagens da filha, Thayná. Por mais de duas horas, a jovem de 24 anos tentou falar com a mãe, de 49. Às 10h45, já angustiada, Thayná fez contato com a tia, Maria da Luz, que foi à casa de Maria Aparecida, no bairro Jardim Florida, em Guarulhos, na Região Metropolitana de São Paulo. A porta de entrada estava destrancada. No quarto, Maria da Luz encontrou a irmã morta, seminua, com espuma saindo da boca.
Pediu socorro aos vizinhos e, enquanto esperavam a retirada do corpo, ela notou uma mulher perguntando o que havia acontecido ali. A desconhecida se apresentou como Carla e disse ter saído com Maria Aparecida na noite anterior, após conhecê-la por um aplicativo de relacionamentos. Carla inventou uma desculpa para estar ali àquela hora — tinha marcado pegar roupas para doação — e esperou até o corpo ser removido. No entanto, não foi vista no velório e no enterro. Maria da Luz e Thayná só foram descobrir no 1º Distrito Policial de Guarulhos, no reconhecimento oficial de suspeitos, que “Carla” era um nome inventado por Ana Paula Veloso Fernandes, presa por envenenar e matar Maria Aparecida e outras três pessoas, uma delas em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
A aparente temeridade de a acusada do homicídio estar ali, rondando o local do crime em meio a testemunhas e policiais, se repetiu em todas as mortes pelas quais Ana Paula, uma estudante de Direito de 36 anos, responde na Justiça de São Paulo. Em menos de quatro meses, entre 31 de janeiro e 23 de maio, são quatro homicídios investigados. No primeiro deles, a universitária chega ao ponto de chamar a Polícia Militar para o local da morte de Marcelo Hari Fonseca, de 51 anos, também em Guarulhos. Maria Aparecida foi a segunda vítima.
Órgãos contaminados com HIV: caso completa um ano ainda com poucas respostas
Duas semanas depois, Neil Corrêa da Silva, de 65 anos, morre após comer uma feijoada que estaria envenenada com chumbinho — nome popular do pesticida agrícola terbufós, extremamente tóxico — em Caxias. Por este crime, também foi presa Michelle Paiva da Silva, de 43 anos, filha do idoso. As duas estavam na casa da vítima no momento em que ele passou mal.
A última vítima atribuída até agora a Ana Paula é o tunisiano Hayder Mhazres, de 21 anos, morto após passar mal no condomínio onde morava, no bairro do Brás, em São Paulo. Também desta vez, a estudante de Direito estava ao lado da vítima: o acompanhou na ambulância até o hospital e, depois que o rapaz morreu, foi à delegacia comunicar a morte.
— Ela não parece viver em um mundo alterado e, sim, ter consciência dos atos — analisa o psiquiatra forense Talvane de Moraes, que ressalta não ter estudado o caso. — Acionar as autoridades pode ser uma forma que ela encontrou de buscar impunidade e até colocar a culpa em uma pessoa. E também pode ser uma forma dela se colocar quase como uma vítima na situação.
Mortes por envenenamento: veja os homicídios de que a universitária Ana Paula Fernandes é acusada
O delegado Halisson Ideiao Leite, do 1º Distrito Policial de Guarulhos, classifica Ana Paula no relatório do inquérito como uma serial killer que, “em caso de soltura, certamente voltaria a atentar contra a vida de terceiros”. A investigação ainda está aberta e apura se a universitária fez outras vítimas.
— É uma pessoa extremamente manipuladora. Desde o início tentou controlar a narrativa, inclusive conosco, indo à delegacia, perguntando sobre o and

Fonte original: abrir