
Rumo à COP30: veleiro sai do Rio com destino a Belém em expedição inédita sobre vida marinha brasileira
A realização da COP30, em novembro, atrairá os olhares de todo o mundo para Belém (PA), que se transformará em um palanque global para a discussão do combate à crise climática. A um mês do evento, uma expedição deixou o Rio de Janeiro com destino à conferência a bordo de um veleiro pensando não exatamente no que acontecerá durante a COP, mas, sim, no que encontrará no caminho até lá.
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A embarcação, que zarpou da Baía de Guanabara na noite dessa terça-feira (14) e deve atracar no Pará na primeira semana de novembro, tem como objetivo mapear a biodiversidade do oceano brasileiro no caminho entre as capitais. A iniciativa é do Instituto Mar Urbano em parceria com a OceanPact, empresa especializada no desenvolvimento de soluções marítimas, e a NatureMetrics, multinacional que atua na coleta e no processamento de dados relacionados à preservação do meio ambiente.
— Essa expedição é um marco científico — afirma Ricardo Gomes, presidente do Instituto Mar. — Pela primeira vez, vamos conseguir fazer um raio-X genético contínuo da vida marinha em uma das costas mais biodiversas do mundo.
Durante a expedição, seis tripulantes de diferentes áreas do conhecimento vão coletar amostras de DNA ambiental (eDNA) deixadas na água por peixes, corais, raias, tartarugas e outras espécies marinhas em pontos estratégicos da costa brasileira, como Arraial do Cabo e a foz do Rio Amazonas.
Após coletados, estes dados serão compartilhados com ONGs locais e comunidades costeiras para fortalecer ações de conservação. Ao mesmo tempo, empresas terão acesso a dados que podem ser integrados às suas estratégias de gestão de riscos ambientais, licenciamento, cadeia de suprimentos e indicadores ESG.
A expedição utiliza uma tecnologia inovadora que permite coletar o eDNA com alta precisão, inclusive o de espécies invisíveis ao olho humano, sem a necessidade de captura de espécimes ou observação direta, ampliando a compreensão dos ecossistemas marinhos e seus processos de uma maneira mais rápida, eficaz e menos invasiva para a natureza.
— Com estes dados, vamos poder, por exemplo, comparar a biodiversidade dentro e fora de áreas protegidas, ou avaliar a qualidade dos ecossistemas na foz do Rio Doce nove anos após o desastre de Mariana — acrescenta Gomes. — A expedição marca um passo na direção de poder olhar em frente e criar soluções baseadas na ciência para a preservação da vida marinha.
Antes de chegar a Belém, onde permanece até o final da COP, o veleiro ainda deve passar por Salvador (BA), Recife (PE) e Fortaleza (CE), além de também fazer escala no arquipélago de Fernando de Noronha (PE).
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