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Conheça Cida, a força feminina por trás de oito bares e restaurantes de Niterói

16/10/2025 10:01 O Globo - Rio/Política RJ

Por trás de balcões e panelas de Niterói existe uma história de coragem, determinação e muito trabalho. Antonia Aparecida dos Santos Sousa, conhecida por todos como Cida, chegou ao Rio aos 15 anos, vinda de Santa Quitéria, no Ceará. Sem escolaridade completa e com uma vida inteira pela frente, ela transformou desafios em oportunidades, construindo um império gastronômico.
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— Vim para morar na Vila do João, em Bonsucesso, com minha irmã mais velha — lembra Cida.
Com escolaridade apenas até a 5ª série, precisou aprender a vida na prática. As aulas da escola pública eram à noite, horário em que já estava trabalhando para se sustentar, o que a obrigou a interromper os estudos. O primeiro contato com bares e restaurantes veio com a tia, no Bar 20, em Ipanema.
— Eu nem tinha salário, ganhava umas caixinhas, mas aprendi a trabalhar como atendente de balcão — conta.
Cardápio. Camãro no coco no Dona Antonia
Divulgação
Em 1995, já em Icaraí, mas morando na Rocinha, assumiu funções no Bar Isaura, restaurante do qual seu irmão era sócio. Foi lá que começou a moldar sua trajetória. O espírito empreendedor ganhou força em 1998, quando começou a trabalhar no que viria a ser seu primeiro grande desafio: o Cerol Sport’s Bar.
Um dia, os donos viajaram e deixaram Cida sozinha à frente do negócio, lidando com contas e obstáculos. Com disciplina e coragem, ela conseguiu pôr tudo em ordem. Impressionados, os proprietários disseram que gostariam de vender o bar para ela. Ao lado de dois irmãos, tornou-se proprietária em 2000, aos 25 anos.
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A expansão veio rápido. Hoje, além do Cerol Sport’s Bar, Cida é dona do Bar do Siri, em Icaraí; e do Portista Bar, em Santa Rosa, comprado em 2020. Este último é um dos maiores e mais movimentados estabelecimentos da família, comportando quase 400 pessoas, com cardápio brasileiro que vai do bacalhau aos pratos nordestinos. Tem ainda o restaurante Dona Antônia, batizado em sua homenagem, que funciona com menu à la carte e self-service com churrasco em um shopping em Icaraí, bairro onde também mantém algumas lojas de sua propriedade.
— Somos seis irmãs e três irmãos na família. Só uma está aposentada. Todos têm os seus próprios negócios, e somos sócios em alguns. Meu marido também tem o bar dele na Gavião Peixoto. Tudo, aqui em Niterói — detalha.
O sorvete de queijo com goiabada é uma das sobremesas do Dona Antonia
Divulgação
Planos de expansão
A história da família é marcada por memórias afetivas que atravessam gerações. No Portista Bar, um quadro próximo à churrasqueira mantém viva a lembrança do pai de Cida, que faleceu em 2022. Ele tinha um martelo especial para preparar fumo com cravo, uma espécie de rapé. O detalhe curioso: o martelo era invertido para que ninguém pudesse usar o utensílio para pegar pregos. Hoje, o quadro é um símbolo do legado de cuidado e sabedoria que ele deixou.
— Dividir o negócio com a família é bom, mas tem um lado complicado. Mas nós nos entendemos, fomos muito bem criados por nossos pais. Por causa da educação que tivemos, não sobra espaço para mal-entendidos. Quando há uma desavença, logo em seguida já estamos sentados à mesa dividindo uma refeição — diz.
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Cida é o coração de uma dinastia gastronômica. A família tem oito restaurantes em Niterói, espalhados por Icaraí, Santa Rosa e Fonseca. O filho João Victor, de 22 anos, e os sobrinhos já representam a segunda geração envolvida nos negócios.
— A gente trabalha todo dia. Eu fico na operação, atendo mesas, carrego pratos e supervisiono cada detalhe — afirma.
A empreendedora se destaca pelo trabalho duro e pela liderança em um ambiente tradicionalmente masculino.
— Ser mulher e trabalhar em bar é difícil. Tem muita gente com quem você precisa ter cuidado. Com o tempo, aprendi a colocar uma “armadura” para me proteger — diz.
Com 50 anos recém-completados, Cida ainda pensa em expandir seu horizonte. Entre as possibilidades está um restaurante em Fortaleza ou na Serra da Ibiapaba, no Ceará.
— Não penso em parar de trabalhar. Talvez algo mais leve, de quarta-feira a domingo — conclui.
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