
Outro muro da Ásia: estudo revela como a Muralha de Gobi controlava o comércio e a expansão imperial
Você já imaginou que uma muralha pode ser muito mais do que uma barreira militar? Um estudo recente lança nova luz sobre a Muralha de Gobi, uma estrutura de 320 quilômetros que atravessa a província de Ömnögovi, na Mongólia, e se estende pelo Deserto de Gobi, desvendando funções além da defesa tradicional.
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Apesar da Grande Muralha da China ser conhecida mundialmente, outras fortificações asiáticas tiveram papéis decisivos na história regional. Entre elas, o Sistema de Muralhas Medievais, com 4.023 quilômetros distribuídos entre China, Mongólia e Rússia, foi erguido entre os séculos X e XIII em meio a intensas disputas territoriais.
Enquanto a maior parte do sistema recebeu atenção acadêmica, a Muralha de Gobi permaneceu um enigma até recentemente. Informações limitadas provinham de pesquisas da Guerra Fria conduzidas pela União Soviética. Para superar essa lacuna, uma equipe internacional aplicou tecnologias modernas, como sensoriamento remoto e análises laboratoriais, permitindo reconstruir sua história e função.
A pesquisa foi realizada pelo Professor Gideon Shelach-Lavi e pelo Sr. Dan Golan, do Departamento de Estudos Asiáticos da Universidade Hebraica de Jerusalém, em colaboração com o Professor Chunag Amartuvshin, da Universidade Nacional da Mongólia, e o Professor William Honeychurch, da Universidade de Yale. O estudo, publicado em maio deste ano, combinou imagens de satélite, levantamentos terrestres e escavações direcionadas para investigar a estrutura na província de Ömnögovi, na Mongólia.
A pesquisa confirma que a muralha foi construída majoritariamente durante o reinado do primeiro imperador Xi Xia, Yuanhao (1038-1048), e ocupada continuamente até o final da dinastia. A localização estratégica próxima a poços e áreas arborizadas indica planejamento cuidadoso para manter soldados e infraestrutura funcionando de forma sustentável.
Além da função defensiva, tradicionalmente atribuída à estrutura, o estudo revela que a muralha também atuava como instrumento comercial e administrativo. Seções próximas às dunas de areia funcionavam como barreiras naturais, mas o muro também delimitava territórios e facilitava o fluxo de pessoas e mercadorias.
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