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Genética explica: entenda por que bebê nasceu ruivo com pai negro e mãe branca

11/10/2025 06:01 G1 RS

Gustavo Luís da Silva e o filho Emanuel
Arquivo pessoal
Quando Emanuel nasceu, há um ano e oito meses, a mãe ouviu das enfermeiras: “é a cara do pai… só que ruivo!” Cristina Dapper já tinha escutado brincadeiras durante a gravidez, como “vai nascer um ruivinho”, mas não esperava que a profecia familiar se tornasse realidade.
Emanuel veio ao mundo com pele branca, cabelos vermelhos, filho de Gustavo Luís da Silva, um homem negro. O contraste virou assunto nas redes sociais, nos corredores do mercado e em conversas sobre DNA.
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Mas o que parece improvável é, na verdade, uma aula prática de genética. O g1 conversou com a professora do departamento de Genética do Instituto de Biociências da UFRGS Marcia Holsbach Beltrame para entender como essa combinação é possível.
Segundo ela, a cor da pele, dos olhos e do cabelo é resultado de uma complexa rede de genes que regulam a produção de melanina, o pigmento responsável por essas características.
“Não é um único gene que define a cor. São vários, atuando em diferentes etapas: desde o tipo de melanina produzida até como ela é distribuída na pele”, explica.
Há dois tipos principais de melanina: a eumelanina (mais escura) e a feomelanina (mais clara, com tons amarelados ou avermelhados). A proporção entre elas, somada à quantidade produzida e à forma como é transportada pelas células, define o tom final que vemos.
É nesse ponto que a genética mostra sua complexidade: cada pessoa carrega variantes genéticas herdadas dos pais, e essas variantes podem ficar “escondidas” por gerações. A professora exemplifica:
“A mãe pode ter uma variante para cabelo ruivo que nunca se manifestou nela, mas que foi passada para o filho. Se o pai também contribui com uma variante compatível, o bebê pode nascer ruivo, mesmo que nenhum dos dois tenha esse traço visível”, diz Márcia.
Bebê nasceu ruivo com pai negro e mãe branca
"Foi uma surpresa linda"
Cristina conta que, apesar de ter ruivos na família, nunca imaginou que o filho nasceria com as características que veio ao mundo.
“Foi uma surpresa linda, um verdadeiro presente de Deus”, diz.
No entanto, nem todo mundo reage com o mesmo encantamento: “Já chegaram a parar a gente no mercado para dizer que meu marido precisava fazer um teste de DNA”, relata. Ela conta que chegou a pensar em fazer o exame para postar nas redes sociais e mostrar que não há dúvida.
Márcia explica que esse tipo de julgamento é comum, mas infundado.
“Principalmente em populações miscigenadas como a brasileira, é perfeitamente possível que pais com tons de pele e cabelo diferentes tenham filhos com características inesperadas. A genética permite isso, e é absolutamente normal", comenta a professora.
Cristina Dapper e Gustavo Luís da Silva com o filho Emanuel
Arquivo pessoal
Cada combinação, uma história
A professora reforça que a combinação genética é aleatória:
“Mesmo irmãos, filhos dos mesmos pais, podem ter aparências completamente diferentes. Vai depender de quais variantes genéticas foram transmitidas naquele momento específico da concepção", diz.
Cristina e Gustavo aprenderam a lidar com os comentários com leveza.
“Nosso maior objetivo é preparar o Emanuel da melhor forma possível, com muito amor, para que esse tipo de comentário nunca o afete", relata a mãe.
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