Deputado Otoni afirma na Câmara que ao menos quatro mortos na megaoperação no Rio são 'meninos que nunca portaram fuzis'
O deputado Otoni de Paula (MDB-RJ) afirmou ontem na tribuna da Câmara dos Deputados que ao menos quatro mortos na megaoperação nos Complexos da Penha e do Alemão não têm relação com o Comando Vermelho e são “meninos que nunca portaram fuzis”.
Segundo ele, essas quatro vítimas são “filhos de gente da igreja”. Otoni também é pastor evangélico da Assembleia de Deus Ministério Missão da Vida.
— "Ah, só morreram bandidos!" Não, quem está falando aqui é pastor, e não é pastor progressista, não. Só de filho de gente da igreja, eu sei, morreram quatro ontem (terça-feira), meninos que nunca portaram fuzis, mas estão sendo contados no pacote como se fossem bandidos. Sabem quando vão saber se são bandidos ou se não são? Nunca. Ninguém vai atrás — afirmou Otoni.
Ao todo, a ação policial deixou 121 mortos, incluindo quatro policiais. Como mostrou O GLOBO, bandidos de outros estados estavam na região.
Segundo Otoni, a denúncia foi enviada ao seu gabinete, porém, sem detalhes de quem seriam as vítimas. O deputado acompanha nesta quinta-feira, a comitiva da Comissão de Direitos Humanos no Alemão.
—Eu estou aqui, aqui na Cufa (Central Única das Favelas), que é a central única das favelas, aqui no complexo e vou ver se se alguma das denunciantes aparece aqui— disse Otoni ao GLOBO.
Dos 113 presos, pelo menos 33 eram de fora do Rio de Janeiro, segundo a Polícia Civil. Em um levantamento interno, a corporação identificou a origem de 28 deles: 18 da Bahia, três de Pernambuco e quatro do Pará. Outros três foram reconhecidos como vindos de Santa Catarina, Espírito Santo e Maranhão.
Após a megaoperação que deixou 64 mortos no Rio, a mais letal da cidade, a Câmara e o Senado aprovaram nesta terça-feira projetos relacionados à área de segurança pública em um movimento que se intensificou nos últimos meses. Um levantamento do GLOBO mostra que desde fevereiro, foram aprovadas ao menos 60 propostas que endurecem penas e preveem novas tipificações contra delitos praticados por organizações criminosas. Entretanto, medidas consideradas por especialistas como mais “estruturantes”, como a chamada Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, ainda sofrem resistências.
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