Contratorpedeiro dos EUA deixa Trinidad e Tobago após quatro dias em frente ao litoral da Venezuela
Um contratorpedeiro dos Estados Unidos deixou um porto de Trinidad e Tobago nesta quinta-feira, a pouco mais de 10 quilômetros do litoral da Venezuela, em meio à mobilização militar ordenada por Washington para sua operação antidrogas no Caribe. Washington acusa o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de liderar um cartel de drogas e, desde agosto, lançou uma operação antidrogas no Caribe e no Pacífico, matando pelo menos 62 suspeitos de tráfico de drogas em 16 ataques contra embarcações, cuja legalidade tem sido questionada internacionalmente.
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O governo de Trinidad e Tobago demonstrou abertamente seu apoio a essas operações, o que gerou tensão com a Venezuela. O confronto se intensificou neste domingo, quando Porto Espanha recebeu o navio de guerra USS Gravely para exercícios militares no arquipélago, o que Caracas considera uma "provocação" com o intuito de incitar uma "guerra".
A Assembleia Nacional da Venezuela declarou a primeira-ministra de Trinidad e Tobago, Kamla Persad-Bissessar, persona non grata na terça-feira, enquanto Maduro ordenou a suspensão dos acordos de fornecimento de gás com o arquipélago, em vigor desde 2015.
O governo de Trinidad ordenou uma "deportação em massa" de imigrantes em situação irregular, enquanto Persad-Bissessar, aliada de Donald Trump, zombou da decisão do Parlamento venezuelano e desafiou a Venezuela a fazer o mesmo com o presidente dos Estados Unidos.
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"Por que Maduro e o resto do governo venezuelano não mencionam o presidente Trump? Por que não o declaram persona non grata?", perguntou ela em uma mensagem de texto à AFP.
Washington alertou que realizaria ataques terrestres e autorizou operações da CIA na Venezuela. As autoridades venezuelanas dizem ter capturado criminosos ligados à agência de inteligência e afirmam ter desmantelado "operações de falsa bandeira" que buscavam justificar um ataque em território venezuelano.
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As operações no Caribe e Pacífico fazem parte da chamada "guerra contra o narcotráfico" promovida pelo governo Trump, que também deslocou porta-aviões e aeronaves de combate para o Caribe e anunciou planos para expandir as ações por terra contra grupos ligados ao tráfico na América do Sul.
Desde então, o governo Trump não apresenta nenhuma evidência para apoiar suas alegações sobre os barcos, sua conexão com cartéis de drogas ou mesmo a identidade das pessoas mortas nesses ataques. A Venezuela, por sua vez, acusa os Estados Unidos de conspirarem para derrubar Maduro, buscando "fabricar um conflito" para justificar uma invasão.
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