 
        'Só com funerária': Mãe relata dificuldades em fazer liberação do corpo do filho no IML do Rio após megaoperação
No estacionamento do Instituto Médico-Legal (IML), no Centro do Rio, Raquel Rodrigues aguarda para realizar a liberação do corpo de seu filho, de 19 anos, mas enfrenta dificuldades. Segundo ela, não é possível fazer o reconhecimento de Yago Ravel Rodrigues Rosário sem a presença de um serviço funerário. No entanto, a família deseja ver o corpo antes disto. O jovem seria um dos 121 mortos na megaoperação policial nos complexos da Penha e do Alemão, na última terça-feira.
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De acordo com Raquel, a família foi chamada ao IML para liberação do corpo, mas não é possível vê-lo antes da presença de uma assistência funerária. A mulher afirma que funcionários do IML disseram que a identificação havia sido feita pela equipe, e que para vê-lo, teria que ser dentro do carro de uma funerária. 
Além disso, seria preciso assinar o documento que confirma o óbito, e só assim seria  para liberado. Para o enterro, a família contaria com o serviço de gratuidade.
— Como eu vou assumir enterrar um corpo, se não tenho certeza que é meu filho? Isso não existe. Eu quero ver se é meu filho, mas eles dizem que só com funerária — disse Raquel.
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Segundo Alex Rosário, pai de Yago, ele chegou a assinar o documento do óbito, pela orientação que teve de agentes do Instituto, mesmo sem ver o filho. Ele conta que apesar disso, não houve liberação. 
— Disseram que temos direito de ver ele, mas eu nem vi meu filho. Como vou levar adiante algo, se nem vi meu filho? — desabafou Alex. 
O pai do rapaz afirma que no laudo recebido pela família, consta que Yago teria sofrido lesões nos pulmões e no estômago, além de ter tido a cabeça degolada.
— Eu tenho que ver o corpo. Ainda mais pela forma que foi. Quero ver ele, quero ter a certeza de estar com o corpo certo. Não podem negar isso e a vontade da família de cremar — completou. 
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Alex também afirma que além do estresse com reconhecimento, existe a preocupação com o tempo para liberação. A família teria 12h para levar o corpo, após a assinatura do óbito, feita por volta das 11h40. 
Enquanto correm para encontrar um serviço, a Polícia Civil se posicionou sobre o assunto. Em nota, a corporação afirmou: "A informação não procede. Há um posto de atendimento da Defensoria Pública no local para auxiliar as famílias a conseguir a gratuidade no sepultamento. Além disso, caso qualquer pessoa seja abordada por indivíduo afirmando que é obrigatória a contratação de serviço funerário para a liberação do corpo, a Polícia Civil recomenda que o fato seja comunicado em uma delegacia".
Além disso, destacou que o procedimento de reconhecimento visual do corpo, que é falho, não é utilizado no Rio de Janeiro, assim como em diversos países. A identificação é feita por meio de técnicas forenses precisas.
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Operação Contenção
A ação, realizada entre as polícias Civil e Militar, deixou 121 mortos confirmados, sendo quatro policiais e 115 suspeitos de envolvimento com o tráfico, segundo as corporações. Outros 113 presos e 10 adolescentes apreendidos também foram contabilizados, além da apreensão de 118 armas — entre elas 91 fuzis.
Considerada a mais letal da história do país, a Operação Contenção teve como alvo criminosos ligados ao Comando Vermelho (CV). Segundo o secretário de Polícia Civil do Rio, Felipe Curi, o número de mortos ainda pode aumentar, já que os corpos são registrados conforme dão entrada no IML ou em unidades hospitalares.
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