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Fora da comitiva de governadores de direita ao Rio, Tarcísio busca evitar temas nacionais ou protagonismo na crise de segurança

30/10/2025 20:20 O Globo - Rio/Política RJ

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), decidiu não integrar uma comitiva de mandatários de outros estados que irá ao Palácio Guanabara, no Rio, nesta quinta-feira (30), para tratar de esforços coletivos após a operação nos complexos da Penha e do Alemão que vitimou 121 pessoas. Segundo a agenda oficial, ele participará do encontro por videoconferência.
Bela Megale: O cálculo de Tarcísio para se posicionar sobre a operação mais mortal da história do Rio
Oficialmente, a assessoria do governador alega que ele não poderá viajar ao Rio por conflitos de agenda. Às 15h, ele anunciou repasses de recursos da saúde a municípios paulistas em evento no Palácio dos Bandeirantes. O GLOBO apurou, contudo, que Tarcísio quer evitar assuntos nacionais ou assumir um protagonismo na atual crise de segurança.
"Ele está em uma fase de não entrar em nenhum problema que não seja do estado de São Paulo", disso ao GLOBO um secretário próximo do governador. "Se fosse (ao Rio), traria os holofotes do Cláudio para ele. Seria o líder dos governadores. Não quer isso nesse momento", afirmou.
Outra fonte ouvida pela reportagem afirmou que Tarcísio manterá uma "distância segura" da operação policial de Cláudio Castro (PL). Ontem, o governador de São Paulo deu apenas uma declaração via redes sociais e no final da noite, na qual afirmou que o "crime organizado é um risco maior que fiscal' para o Brasil.
O cálculo político demonstra coerência com a postura do governador nas últimas semanas, de não se vincular publicamente a assuntos de interesse nacional e reduzir a quantidade de aparições que possam ser interpretadas como movimentos em direção a uma candidatura presidencial em 2026.
Segundo a colunista Bela Megale, de O GLOBO, Tarcísio compartilhou com outros governadores ontem, de maneira reservada, a opinião de que a operação do Rio foi necessária e que, por se tratar de áreas controladas pelo tráfico, não haveria como entrar no local sem violência.
Alta letalidade
A operação no Rio se tornou a mais letal da história do país, superando o massacre do Carandiru, em 1992, quando a Polícia Militar do Estado de São Paulo matou 111 detentos durante uma rebelião na penitenciária da capital paulista. Em terceiro lugar na lista está justamente uma operação ocorrida durante o governo Tarcísio.
Em julho de 2023, a Secretaria de Segurança Pública do Estado, comandada pelo deputado federal bolsonarista Guilherme Derrite (PL), deu início a uma operação sangrenta no litoral paulista em decorrência da morte do soldado Patrick Bastos Reis, da Rota. Somando-a à operação Verão, que ocorre na virada de ano até o mês de abril, foram 84 mortes.
À época, entidades de defesa dos direitos humanos e o ouvidor da PM paulista acusaram o governo do estado de agir por “vingança” e denunciaram abusos. Confrontado com a possibilidade de procurarem organizações internacionais, Tarcísio respondeu que não estava “nem aí” e defendeu a legalidade das condutas dos agentes.
Entre os confirmados na visita ao Rio estão os governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e do Paraná, Ratinho Júnior (PSD). O goiano, por exemplo, já deixou clara a intenção de fazer do evento um palanque para críticas ao governo federal que, segundo ele, não apoia os estados no enfrentamento ao crime.
Tarcísio se limitou a emitir uma nota nas suas redes sociais em que mira apenas de forma indireta no governo do presidente Lula (PT) e presta solidariedade a Castro. O material afirma que o Brasil apresenta falhas no controle de fronteiras, por onde entra o armamento usado pelo Comando Vermelho, e que a “guerra” contra o tráfico requer domínio territorial, o que pressupõe apoio ao método de confronto direto nas comunidades que coloca a população dessas áreas em risco.
Oferta de policiais
Os “presidenciáveis” de direita têm procurado ainda ganhos políticos ao ofertar parte do efetivo policial dos seus estados ao Rio, caso haja necessidade. No caso de São Paulo, a ideia foi sugerida por Derrite a Tarcísio como forma de colaborar no patrulhamento de rotina enquanto as forças de segurança locais agem contra o CV. Até agora, ninguém do governo explicou se existe um plano concreto nesse sentido.
O envio de policiais para uma missão específica em outros estados não é nova, pois ela ocorre regularmente por meio da Força Nacional, composta por profissionais cedidos pelos estados. Nesse caso, porém, quem coordena o grupo é o Ministério da Justiça e Segurança Pública, responsável por autorizar o envio das tropas que passam por treinamentos prévios e podem ser deslocadas de seus postos de origem por até dois anos.
Nesta quarta (29), o chefe da pasta, Ricardo Lewandowski, anunciou, ao lado de Castro, a criação de um “Escritório Emergencial de Combate ao Crime Organizado”. Após rusgas públicas entre o governador do Rio e membros do alto escalão do governo Lula, o ministro sinalizou apoio por meio de vagas em presídios federais, reforço na Polícia Rodo

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