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Congresso dos EUA investiga Starlink de Elon Musk por supostamente dar suporte a centrais de golpes e fraudes em Mianmar

14/10/2025 04:17 O Globo - Rio/Política RJ

Um comitê bipartidário do Congresso dos Estados Unidos informou à AFP que abriu investigação sobre a empresa Starlink, de propriedade de Elon Musk, para determinar o papel desempenhado por esse serviço de internet via satélite na oferta de conexão a centrais de fraudes e golpes em Mianmar.
Esses locais são acusados de fraudar bilhões de dólares de norte-americanos e de outros cidadãos em todo o mundo.
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A investigação conjunta no Senado e na Câmara dos Representantes começou em julho, depois que a AFP revelou que vários desses centros estavam equipados com receptores da Starlink, que em apenas três meses se tornou o principal provedor de internet em Mianmar.
A Starlink não respondeu aos pedidos de comentário da AFP.
Golpes via redes sociais
Os centros de fraudes de Mianmar estão se expandindo rapidamente, segundo uma investigação da AFP.
Apenas alguns meses após o anúncio de uma campanha para erradicá-los, imagens de satélite mostram que surgiram novos edifícios nesses complexos de onde se realizam chamadas e contatos fraudulentos pela internet, na fronteira com a Tailândia, nas imediações de Myawaddy (sudeste).
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O complexo KK Park, no leste de Mianmar, em 2 de março de 2025 (acima) e 18 de setembro de 2025 (abaixo): imagens comprovam que centros de fraudes não foram destruídos
2025 Planet Labs PBC / AFP
De acordo com gravações feitas por um drone da AFP, longas fileiras de antenas da Starlink são visíveis sobre alguns dos telhados.
A empresa de Musk, que em fevereiro nem sequer figurava no Registro de Internet da Ásia-Pacífico (Apnic), tornou-se desde meados de junho uma das duas principais fornecedoras de acesso à internet em Mianmar, segundo essa organização.
Sob pressão da China, da Tailândia e de Mianmar, as milícias birmanesas aliadas à junta governante, que protegem esses centros de ciberfraude, prometeram em fevereiro “erradicá-los”.
Cerca de 7 mil pessoas, em sua maioria cidadãos chineses, foram libertadas no âmbito das operações realizadas contra esses complexos de ligações telefônicas e de internet, que funcionam com base em um sistema que, segundo as Nações Unidas, recorre ao trabalho forçado e ao tráfico de pessoas.
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Muitos funcionários relataram à AFP que haviam sido espancados e obrigados pelos chefes da rede a cometer golpes, os quais buscam vítimas em todo o mundo, especialmente por meio das redes sociais.
Apenas algumas semanas depois de essas operações policiais dominarem as manchetes, as obras de construção foram retomadas em vários dos centros localizados ao longo do rio Moei, que marca a fronteira com a Tailândia.
A análise da AFP de imagens de satélite da Planet Labs PBC revelou que, entre março e setembro, dezenas de infraestruturas foram construídas ou modificadas no maior dos complexos, o KK Park.
As gravações aéreas do KK Park feitas por jornalistas da AFP em setembro confirmam que as obras continuam: é possível ver operários em grandes construções, guindastes e andaimes.
A AFP também observou novas construções ou reformas em vários dos outros 26 centros fraudulentos nos arredores de Myawaddy, entre eles os de Shwe Kokko, classificados como “famosos” pelo Departamento do Tesouro dos EUA.
No mês passado, os Estados Unidos sancionaram nove pessoas ligadas a Shwe Kokko e o chefão do crime chinês She Zhijiang, fundador do centro comercial de vários andares Yatai New City.

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