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Comando Vermelho amplia influência na Argentina e movimenta esquema milionário de lavagem de dinheiro; entenda

30/10/2025 14:30 O Globo - Rio/Política RJ

Dois dias após a operação mais letal do Rio de Janeiro, realizada nos complexos da Penha e do Alemão, o estado ainda identifica os mortos da maior operação policial da história, com mais de 120 suspeitos e quatro agentes mortos, o Comando Vermelho (CV) mostra que seu poder já ultrapassou as fronteiras brasileiras. Na Argentina, o grupo foi o centro de uma investigação que revelou uma rede de lavagem de dinheiro e investimento em ativos de luxo, desmantelada pela chamada Operação Cripto.
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Segundo o jornal argentino La Nácion, o esquema, descoberto em 2023 e julgado neste mês pelo Tribunal Federal nº 7, movimentava valores milionários através de criptomoedas, empresas de fachada e imóveis de alto padrão. Oito envolvidos — entre eles um chinês, uma boliviana e um colombiano — foram condenados a três anos de prisão (com pena suspensa) e multados em US$ 2,46 bilhões, o equivalente a R$ 13 bilhões.
O principal alvo da investigação é o brasileiro Marcelo Clayton Alves de Sousa, conhecido como “El Negro”, apontado como operador financeiro da facção no país vizinho. Ele está foragido desde setembro de 2023. De acordo com o Ministério Público argentino, Alves utilizava carteiras de criptomoedas e empresas fantasmas para movimentar ao menos US$ 5 milhões (R$ 31 milhões) vindos do tráfico no Brasil.
As autoridades apreenderam bens e valores equivalentes a R$ 1,9 milhão, além de uma frota de veículos de luxo — entre eles um BMW 330i, uma Ford Ranger e um Volkswagen Vento.
Diante da ofensiva policial no Rio e do temor de fuga de criminosos, a ministra da Segurança da Argentina, Patricia Bullrich, anunciou “alerta máximo” nas fronteiras com o Brasil. O governo argentino intensificou o controle migratório e reforçou as bases da Polícia Federal e da Gendarmería Nacional nas províncias de Misiones e Corrientes, regiões de travessia terrestre.
Criado em 1979, o Comando Vermelho é hoje a maior facção criminosa do Brasil, com atuação que inclui tráfico internacional, extorsão e homicídios por encomenda. A expansão da organização para países vizinhos preocupa autoridades sul-americanas, que veem a Argentina, o Paraguai e a Bolívia como novas rotas de lavagem e refúgio de líderes do grupo.
Veja quem são os quatro policiais mortos
Há apenas dois meses na corporação, Rodrigo Cabral estava lotado na 39ª DP (Pavuna), era considerado um profissional promissor. Durante o confronto, ele levou um tiro na nuca e não resistiu aos ferimentos. Nas redes sociais, o policial compartilhava momentos de sua vida fora do trabalho Em quase todas as fotos, aparecia sorridente, cercado pela família: viagens com a esposa e a filha, brincadeiras com elas e idas ao estádio Nilton Santos para acompanhar o Botafogo, time do coração.
Rodrigo era descrito pela esposa como "o melhor pai, marido e amigo". Em fevereiro de 2024, ela publicou um vídeo e uma homenagem pelos 16 anos de relacionamento. A mensagem, acompanhada de fotos do casal e da filha, ganhou novo peso após a notícia da morte.
“Hoje sinto vontade de agradecer. Agradecer a você, a Deus, à vida, ao universo pelos últimos 16 anos que vivemos juntos. Nossa vida juntos é muito mais do que alguma vez sonhei ter, e tudo que já compartilhamos deixa meu coração orgulhoso. Me sinto muito abençoada por ter você ao meu lado. Te amo, e vou te amar para sempre! Disso pode ter certeza, e cada dia que passa amo mais e mais.”, disse a esposa naquela postagem.
Marcos Vinicius Cardoso Carvalho, conhecido entre colegas como Máskara, apelido pelo qual era amplamente conhecido, tinha uma longa carreira na Polícia Civil e recentemente assumiu uma das chefias da 53ª DP (Mesquita), Estava há 20 anos estava nos quadros da corporação e era muito respeitado entre colegas pela atuação no enfrentamento ao crime organizado, costumava participar diretamente das operações em campo, mesmo ocupando cargo de chefia.
Ele foi atingido na cabeça. Um áudio gravado por uma policial que o socorria na favela mostra o cenário de guerra que os agentes enfrentaram. Em meio ao som de tiros e explosões, ela comunicou à corporação que Marcus Vinicius havia sido baleada. Ele foi levado ao Hospital estadual Getúlio Vargas, mas não resistiu.
“Galera, o Maskara foi baleado na cabeça, a gente tá preso aqui na favela, estou pedindo prioridade. Tem que dar uma atenção, é sério, o Maskara foi baleado na cabeça", disse a policial.
Também experientes, os sargentos Cleiton Serafim Gonçalves e Heber Carvalho da Fonseca eram policiais militares há 17 e 14 anos, respectivamente. Lotados no Batalhão de Operações Especiais (Bope), eles chegaram a ser socorridos com vida, mas não resistiram aos ferimentos. Serafim tinha 42 anos e deixa uma esposa e filha. Já Heber, tinha 39 anos e deixa a esposa, dois filhos e um enteado. Nas redes socia

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