AVC: tempo de resposta e desigualdades regionais definem quem sobrevive e quem fica com sequelas
Nesta quarta-feira (29) é celebrado o "Dia mundial de combate ao acidente vascular cerebral (AVC)". A condição continua sendo uma das maiores urgências de saúde pública no Brasil e seus impactos vão muito além das emergências hospitalares. Um estudo inédito da Firjan SESI, conduzido pelo Centro de Inovação em Saúde Ocupacional (CIS-SO), mostra que o país ainda paga um alto preço em vidas, anos de saúde e capacidade funcional.
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O estudo "Custos Evitáveis de Saúde por Trombólise em Acidentes Vasculares Cerebrais – Saúde Ocupacional" analisou dados epidemiológicos e previdenciários de 2017 a 2023. Os resultados mostraram que nesse período, o AVC foi responsável por 1,68 milhão de internações e cerca de 484,3 mil mortes em todo o território nacional, o equivalente a 15,6 óbitos a cada 100 internações. Apenas no último ano da série histórica analisada, 11 milhões de anos de vida foram perdidos entre brasileiros de 15 anos ou mais por conta da doença.
O AVC acontece quando vasos que levam sangue ao cérebro entopem ou se rompem, provocando a paralisia da área cerebral que ficou sem circulação sanguínea. Quanto mais rápido for o diagnóstico e o tratamento do AVC, maiores serão as chances de recuperação completa, segundo informações do Ministério da Saúde.
Para isso, saber identificar os sinais da condição é fundamental. Os sintomas mais comuns de AVC são:
Fraqueza ou dormência: em um lado do corpo (rosto, braço ou perna).
Dificuldade na fala ou compreensão: alterações na fala (arrastada, confusa) ou dificuldade para entender o que os outros dizem.
Alterações na visão: perda de visão súbita ou dificuldade para enxergar com um ou ambos os olhos.
Dificuldade de equilíbrio e coordenação: tontura, perda de equilíbrio ou dificuldade para andar.
Dor de cabeça
Outros sinais podem incluir confusão mental, náuseas e vômitos, sonolência e crises convulsivas.
Para facilitar a identificação, é possível utilizar o acrônimo SAMU:
S (sorriso): Peça para a pessoa sorrir. O lado do rosto parece caído?
A (abraço): Peça para a pessoa levantar os dois braços. Um deles cai ou não consegue ser levantado?
M (música): Peça para a pessoa repetir uma frase ou cantar um trecho de música. A fala está arrastada ou estranha?
U (urgente): Se algum desses sinais for observado, ligue para o serviço de emergência (192) ou leve a pessoa ao pronto-socorro mais próximo imediatamente.
Entretanto, de acordo com o novo estudo, o diagnóstico tardio ainda é uma das principais barreiras para o combate ao AVC.
As regiões Norte e Nordeste concentram as maiores taxas de letalidade, reflexo direto das desigualdades estruturais na rede de atenção. Nessas áreas, há menor disponibilidade de neurologistas, leitos de UTI e equipamentos de imagem, elementos essenciais para o diagnóstico e tratamento em tempo hábil.
"Cada minuto conta. O tempo de resposta define o desfecho clínico do paciente e o tamanho da sequela. Quando o diagnóstico é rápido e o tratamento é adequado, é possível salvar vidas e preservar qualidade de vida”, explica Leon Nascimento, coordenador do CIS-SO e responsável pela pesquisa, em comunicado.
Já as regiões Sudeste e Sul, com maior oferta de serviços especializados, registram os maiores números absolutos de casos e internações, mas menores índices de mortalidade proporcional.
"Há uma relação direta entre infraestrutura e desfecho clínico. Locais com mais recursos e profissionais capacitados conseguem reduzir significativamente a mortalidade e o grau de incapacidade", destaca Nascimento.
Sequelas e reabilitação
Além do risco de morte, o AVC é uma das principais causas de incapacidade permanente no país. Casos graves podem levar à perda média de 18 anos de vida saudável, segundo o levantamento. As sequelas cognitivas e motoras comprometem a autonomia e aumentam a dependência de cuidados familiares e institucionais.
"Tratar o AVC não termina na alta hospitalar. É preciso garantir acesso à reabilitação, fisioterapia, fonoaudiologia e suporte psicológico. Sem essa continuidade, o paciente perde qualidade de vida e o sistema de saúde acaba sobrecarregado", explica o pesquisador.
Além do custo humano, o AVC representa um peso expressivo sobre o sistema previdenciário. Em 2023, ano com último dados públicos disponíveis, ele foi responsável por 161,6 milhões de dias de trabalho perdidos, o que representa uma perda de produtividade de R$ 10,09 bilhões: R$ 7,15 bilhões de perda de produtividade referente ao total de serviços e bens produzidos e mais R$ 2,74 bilhões com gastos com benefícios ligados à doença. Em dezembro de 2023, apenas naquele mês, o INSS desembolsou R$ 228 milhões em auxílios e aposentadorias por invalidez relacionados à doença.
“A maioria dos beneficiários (64%) tinha vínculo formal de trabalho, o que mostra que o AVC afeta dire
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