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Histórico e com peças originais: Lamborghini perdido por décadas reaparece nos EUA e pode valer até R$ 21 milhões

29/10/2025 07:02 O Globo - Rio/Política RJ

Durante décadas, o boato em torno deste carro foi de destruição e esquecimento. Segundo o boca a boca, um transporte falho teria causado seu fim. Era um mito urbano, uma história contada entre entusiastas. A realidade, porém, provou o contrário. Acumulando poeira em um armazém escondido em Los Angeles, nos Estados Unidos, repousava, entre dezenas de carros exóticos relegados ao esquecimento, o Lamborghini Miura P400 — um dos 275 exemplares fabricados entre 1966 e 1970 e considerado por muitos o primeiro supercarro moderno da história.
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Rudi Klein, colecionador americano discreto e enigmático, montou secretamente uma frota de veículos excepcionais. Ao contrário de outros entusiastas que exibem seus carros com orgulho, Klein preferia a discrição. Ele guardava suas Ferraris, Aston Martins e Lamborghinis como quem coleciona brinquedos de edição limitada, sem tirá-los da caixa. Entre eles, havia três Miuras, e um, com o chassi número 3417, chamou a atenção de especialistas há alguns anos.
Mistério e autenticidade do exemplar
Este Lamborghini Miura P400, originalmente com acabamento na cor característica Giallo Miura e interior em couro sintético azul, destinava-se exclusivamente ao mercado italiano. De acordo com os registros da fábrica, foi entregue à concessionária Lamborcar em março de 1968, com um único comprador listado: Sr. Zampolli.
É aqui que a história se torna intrigante. Embora seja um sobrenome comum na Itália, alguns especulam que o comprador poderia ter sido Claudio Zampolli, piloto de testes e ex-engenheiro da Lamborghini, mais tarde fundador da marca Cizeta. Zampolli também foi responsável pela importação de modelos da marca para o sul da Califórnia, pista que poderia explicar como este Miura acabou nas mãos de Rudi Klein no final da década de 1970. A certeza não existe, mas as peças se encaixam.
O que se sabe é que, em março de 1978, o Miura já havia sido fotografado no depósito de sucata de veículos estrangeiros da Porsche, exibindo um novo tom azul-marinho brilhante que ainda conserva sua cor original e lhe confere um ar místico especial. Desde então, 46 anos se passaram sem que o veículo fosse visto novamente, parecendo ter se perdido sem deixar vestígios.
Além do mistério, o que distingue este modelo é sua autenticidade. Conforme verificado pela leiloeira RM Sotheby's, todos os números visíveis de chassi, motor e carroceria correspondem aos do Miura número 3417, o 159º modelo produzido. O veículo mantém seu motor V12 original com números correspondentes, aspecto crucial para colecionadores e historiadores de carros clássicos.
As origens do Miura o colocam no auge do design e da engenharia automotiva. Concebido por uma jovem equipe de engenheiros — incluindo Gian Paolo Dallara e Paolo Stanzani — e com carroceria projetada por Marcello Gandini para a Bertone, o Miura estreou como chassi rolante no Salão do Automóvel de Turim de 1965 e, poucos meses depois, surpreendeu o mundo no Salão do Automóvel de Genebra. Sua arquitetura com motor traseiro montado transversalmente abriu caminho para a era moderna dos supercarros.
Em outubro de 2024, a RM Sotheby's lançou este exemplar impressionante para venda como peça única de restauração, com potencial para retornar à condição original. O modelo foi vendido por US$ 1.325.000, mas seu valor atual pode ser três vezes maior. O nome do comprador não foi divulgado, preservando sua privacidade. A partir de agora, ele será responsável pela restauração deste modelo icônico, que poderá voltar a competir nos principais concursos de elegância automotiva do mundo.

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