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Investimentos bilionários alimentam temor de bolha na IA. Microsoft renova parceria com OpenAI

29/10/2025 07:01 O Globo - Rio/Política RJ

Criadora do ChatGPT, a OpenAI deu ontem um passo histórico aguardado por investidores e analistas. Após um ano de negociações, a empresa de inteligência artificial (IA) adotou nova estrutura com fins lucrativos, modelo semelhante ao de concorrentes como a Anthropic e a xAI, de Elon Musk. Para concluir a reestruturação, revisou seu acordo com a Microsoft, que já havia apoiado a empresa com US$ 13,75 bilhões em aportes. Na nova modelagem, o percentual da Microsoft cai de 32,5% para 27%, mas sua fatia do bolo é agora avaliada em US$ 135 bilhões.
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O movimento ocorre em meio a uma preocupação crescente de que o frenesi de investimentos em IA esteja inflando uma bolha tecnológica. No mesmo dia, a Microsoft alcançou US$ 4 trilhões em valor de mercado após a notícia, o governo dos EUA anunciou acordo de US$ 80 bilhões para ampliar a energia nuclear usada em sistemas de IA, e a Nvidia revelou aporte de US$ 1 bilhão na Nokia para desenvolver redes inteligentes.
Nesta semana, a Qualcomm, que tenta desafiar o domínio da Nvidia, lançou linha de chips que fez suas ações saltarem 11% em um único dia, a maior alta desde 2019.
Bolha: OpenAI aposta no futuro comprando milhões de chips sem recursos suficientes
Os alertas sobre o risco de uma “bolha de IA” têm voltado com força nas últimas semanas. O primeiro aviso veio do Banco da Inglaterra, que afirmou que as empresas de IA estão sendo avaliadas muito acima do que talvez valham hoje e alertou que isso pode acabar em uma correção brusca dos mercados. Em outras palavras, seria o estouro de uma bolha.
Paralelo com ‘pontocom’
Já a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, comparou o atual otimismo com o período pré-estouro da bolha das “pontocom”, há 25 anos, e alertou que uma correção abrupta poderia frear o crescimento global. Um estudo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), feito entre janeiro e junho, indicou que 95% dos investimentos em inteligência artificial não geram retorno.
Investimento: CEO da Nvidia tenta dissipar temores de bolha em meio ao boom da inteligência artificial
Líderes como o próprio Sam Altman, da OpenAI, e Jeff Bezos, CEO da Amazon, não descartaram que o mercado pode estar inflado com o crescimento acelerado dos investimentos em IA, ainda que ambos tenham reiterado os planos de longo prazo de suas empresas.
O temor no mercado ganhou força quando a Nvidia, principal fabricante de chips de IA, anunciou que vai investir até US$ 100 bilhões na OpenAI, a empresa dona do ChatGPT, para construir novos data centers de IA. O problema é que estes investimentos têm caráter circular: a Nvidia injeta dinheiro na OpenAI, que usa recursos para comprar chips da própria Nvidia.
É uma relação de dependência que se repete, e a empresa já financiou dezenas de startups que, no fim, acabam realimentando seu lucro.
Pesquisa global divulgada este mês pelo Bank of America apontou que 54% dos gestores de fundos consideram as ações da IA supervalorizadas, um sinal de bolha em meio à alta das ações e do valor de mercado das big techs e à euforia com as soluções de IA criadas até agora.
Não há consenso entre especialistas se o cenário de investimentos em IA configura uma bolha. Ninguém nega que as ações das empresas possam estar sobrevalorizadas, mas por ora há a visão de que grandes empresas que disputam esta corrida têm fundamentos sólidos e capacidade de reinvestir capital em inovação.
Para William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, o movimento atual mais se parece com um superciclo de investimentos, parecidos com os ciclos que financiaram tecnologias como 3G, 4G e 5G. Segundo ele, parte do capital aplicado em data centers, chips e infraestrutura pode não gerar retorno. Mas boa parte desses recursos deve servir para criação de novos negócios transformadores:
— O mercado tem exageros. Nesse mar de investimentos, vai ter dinheiro que não vai ter retorno. É como na indústria do petróleo: às vezes se perfura um poço e só se encontra água. Perde-se dinheiro, faz parte. Bilhões aplicados em data centers e infraestrutura podem não dar o retorno esperado.
Para Alves, a principal diferença em relação à bolha das “pontocom” , que estourou em março de 2000, está no cerne do negócio. Ele lembra que, naquele período, muitas empresas se valorizavam apenas com ideias, sem modelo de negócio definido e sustentadas por alavancagem ou private equity.
Hoje, as maiores investidoras em IA — como Oracle, Meta, Google, Amazon e outras — têm geração de caixa, por já terem outros negócios lucrativos em andamento. O fluxo de caixa somado dessas dez empresas chega a US$ 400 bilhões, diz.
‘Como no Papa-Léguas’
Ele considera benéfico o crescimento da OpenAI ao ponto de se tornar independente e começar a lucrar com seus serviços, além do aumento da concorrência da Nvidia, qu

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